Após mais de meio século de restrições, um programa de ficção da TV americana foi a Cuba.
Don Cheadle, estrela da série “House of Lies”, do canal pago Showtime, fumou um charuto em Havana no mês passado, durante as gravações de um episódio da trama na cidade.
Foi a primeira vez que uma produção televisiva de ficção dos Estados Unidos gravou cenas na capital cubana desde o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, no ano passado.
As imagens gravadas em Havana e em seus arredores fazem parte do último capítulo da quinta temporada, que estreia em 10 de abril. A série tem ainda no elenco Kristen Bell, Josh Schwartz e Josh Lawson.
“O mundo ficou maior porque Cuba se tornou acessível”, afirmou o criador da atração, Matthew Carnahan, ao “The New York Times”.
Para as filmagens no país, ele trabalhou com uma empresa de produção local e contou à publicação que ficou impressionado com a “paixão” da equipe técnica e dos atores cubanos.
O que atrapalhou, ele disse, foram a má qualidade dos serviços de telefonia móvel e internet e a dificuldade para encontrar coisas básicas - como martelos, por exemplo. Além disso, o processo para obter licenças para filmar foi lento, acrescentou.
Bem-vinda, Hollywood
A reaproximação entre EUA e Cuba, que romperam relações em 1961, deu asas à imaginação de produtores e cineastas americanos ansiosos para filmar no país. De acordo com o “Times”, a Universal Pictures já planeja viajar até lá para gravar partes do próximo “Velozes e Furiosos”.
“Não há um só dia em que eu não me reúna com um cliente potencial dos Estados Unidos”, disse ao jornal americano Oscar Ernesto Ortega, dono de uma empresa que produz vídeos de música, comerciais e documentários em Cuba.
A onda de cineastas americanos, e a necessidade de técnicos e equipamentos, pode ser um benefício à produção independente cubana, que ganhou força no final dos anos 1990, quando a tecnologia digital se tornou mais acessível e o repasse de recursos do Estado para o setor começou a se esgotar.
Alguns cineastas do país, porém, estão preocupados que o governo abra de vez os braços para Hollywood. Hoje, empresas de produção independente recebem muito pouco em incentivo e, muitas vezes, precisam lutar para que seus filmes não sejam censurados.
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