Com “Game of Thrones”, a HBO confirmou que as séries de televisão estão alcançando um padrão cada vez mais próximo de Hollywood. Seja em termos de qualidade, gigantismo da produção ou espectadores alcançados (mais de 20 milhões somente no último episódio). Para 2016, a grande aposta da emissora já nasce com cara de blockbuster. “Westworld”, que tem estreia mundial marcada para o próximo domingo (2), reúne um timaço do entretenimento e, caso confirme as expectativas, tem tudo para se tornar um novo marco da TV.
Para se ter uma ideia da dimensão de “Westworld”, comecemos pela produção, a cargo de J.J. Abrams, de “Lost” e da nova saga “Star Wars”. A direção é de Jonathan Nolan, irmão de Christopher e com quem escreveu os roteiros de “Batman: O Cavaleiro das Trevas” e “Interestelar”. No elenco, nomes do calibre de Anthony Hopkins, Ed Harris, Thandie Newton, Evan Rachel Wood e o brasileiro Rodrigo Santoro.
Na última quarta-feira (21), a HBO reuniu em São Paulo jornalistas do Brasil e da América Latina para assistirem ao primeiro episódio da série. Até então, pouco havia sido noticiado sobre a trama, apenas que era uma adaptação de um filme de 1973, “Westworld – Onde Ninguém Tem Alma”, escrito e dirigido por Michael Crichton (autor, entre outras obras, de “Jurassic Park”, livro que deu origem à franquia cinematográfica).
O primeiro filme mostra um parque de diversões para adultos, onde as pessoas podem participar de aventuras no velho oeste ou em Roma antiga, interagindo e matando robôs semelhantes aos humanos. No entanto, uma falha faz com que esses androides se rebelem e tentem matar os visitantes. Na série, a história ganha uma narrativa bem mais aprofundada, abordando questões relacionadas à moral humana, inteligência artificial e a relação das pessoas com a tecnologia.
Westworld
Estreia no dia 2 de outubro, às 23h, na HBO, simultaneamente com os Estados Unidos. No dia da estreia, os canais HBO e Max (que também vai exibir o episódio inicial) estarão com o sinal aberto.
“A série vai muito além do remake. A ideia não era refazer o filme, mas usar a ideia para explorá-la muito mais profundamente”, afirmou Rodrigo Santoro durante entrevista em São Paulo. Em “Westworld”, ele interpreta Hector Escaton, um pistoleiro que aparece com seu bando para aterrorizar a cidade fictícia. “Eu ainda não sei muito bem quem é meu personagem”, admite.
Em sua primeira temporada, “Westworld” terá dez episódios. Na estreia, a série deixou muitas perguntas e poucas respostas, o que deve ser uma tônica, segundo Santoro. De acordo com ele, os roteiros são repassados aos atores com pouca antecedência e várias informações em aberto. “Também temos muitos questionamentos. É uma experiência única, que explora a natureza humana e faz o espectador se envolver emocionalmente e psicologicamente com seu universo.”
Primeiras impressões
J.J. Abrams é o novo midas do entretenimento e tem plena ciência disso. Tanto que seguiu a cartilha direitinho para lançar “Westworld”, revelando o mínimo possível da série e alimentando progressivamente as expectativas do público. Pelo que se vê no primeiro episódio, toda a estratégia se justifica: se a temporada toda mantiver a pegada inicial, estaremos diante de um fenômeno nos moldes de “Lost” ou “Game of Thrones”.
É até difícil resumir “Westworld” em um parágrafo. Primeiramente, somos introduzidos em uma cidade do velho oeste, onde um rapaz vai ao encontro de uma garota. Logo surge um amedrontador Ed Harris, que, ao que tudo indica, será o grande vilão da história. Então vamos sabendo que se trata de uma espécie de jogo em que humanos interagem com androides. Alguns androides, porém, começam a apresentar problemas e passam a questionar o mundo onde vivem.
As referências são várias, de “Blade Runner” a “A.I. – Inteligência Artificial”, de “Matrix” a “Feitiço do Tempo”. A trilha sonora tem canções pop de Rolling Stones e Soundgarden tocadas ao piano. Por trás da roupagem pop, está o mais importante: uma trama que inquieta, toca em questões palpitantes e prende o espectador. Em resumo, “Westworld” caminha para ser um clássico do século 21.