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Os atores Benedict Cumberbatch (ao centro) e Martin Freeman (à direita) protagonizam a série, no ar desde 2010. | Robert Viglasky/BBC/Hartswood
Os atores Benedict Cumberbatch (ao centro) e Martin Freeman (à direita) protagonizam a série, no ar desde 2010.| Foto: Robert Viglasky/BBC/Hartswood

Não é preciso ser “detetive consultor” para entender o sucesso da série Sherlock, produzida pela BBC inglesa.

Com três temporadas lançadas, a narrativa transpõe Sherlock Holmes e John Watson para o século 21, ainda que mantenha a Baker Street, número 221B, como morada da dupla.

Dessa vez, a responsabilidade do seriado fica por conta de Mark Gatiss e Steven Moffat, conhecidos pelo trabalho em Doctor Who. Mera relocação temporal, no entanto, não corresponde ao grande mérito da produção: Holmes, sendo o personagem literário humano mais interpretado na história do cinema e da televisão, segundo o Guinness, já atravessou infinitas linhas do tempo. E a ideia de torná-lo contemporâneo passa longe de ser novidade.

Por meio de diálogos marcantes, ritmo incrível, personagens carismáticos e cinematografia acima da média – qualquer um prende a respiração para acompanhar os fluxos de consciência de Holmes espalhados pela tela –, Sherlock foi um sucesso tão imediato que os livros de Arthur Conan Doyle passaram por um estouro de vendas: só a edição da Wordsworth para O Cão dos Baskervilles chegou a aumentar em estrondosos 431%, isso apenas entre julho e agosto 2010, período que totalizou 180% de crescimento generalizado nas obras de Doyle, de acordo com o jornal britânico The Guardian. (Aliás, o fenômeno reforça o potencial de uma adaptação aproximar o público de seu texto-fonte, e não o afastar, como pregam incoerentes puristas.)

No ar desde 2010, Benedict Cumberbatch e Martin Freeman, seus atores principais, tornaram-se estrelas mundialmente conhecidas. O primeiro, a face do Holmes moderno, esteve em 12 Anos de Escravidão e protagonizou Jogo de Imitação, enquanto o segundo encarnou Bilbo Baggins na trilogia O Hobbit.

Em Sherlock, contudo, eles só dão as caras três vezes por ano. Isso porque cada uma das três temporadas contém apenas três episódios, uma quantidade baixa se comparada à média britânica (e baixíssima, em contraste com a americana). Para compensar, cada episódio apresenta duração de noventa minutos. “Um filme!”, há de responder sua elementar intuição, se calibrada.

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Em exibição na BBC HD e disponível no Netflix.

Sem pressa

O formato peculiar de poucos lançamentos traz vantagens muito bem aproveitadas por Sherlock: sem pressa, tramas são desenvolvidas em cada um de seus “longa-metragens”, o que não força encadeamentos compridos e permite que todos os nove episódios sejam degustados com uma atenção incomum.

Considerando ainda o intervalo de quase dois anos entre temporadas, o seriado tem conseguido gerar uma apreensão em seus fãs. Indo além, torna-se muito mais viável o acréscimo de público nesses intervalos – há muito mais tempo, afinal –, principalmente ao levarmos em conta que as temporadas, quando lançadas, disparam seus episódios em questão de duas semanas. Não à toa, a audiência só prosperou desde a estreia, hoje passando de 11 milhões de espectadores a cada título inédito.

Em virtude disso, Sherlock sobrevive sob unanimidade de público e crítica ao expor como um seriado televisivo também se vale de fatores logísticos para evitar a própria saturação.

A quarta temporada, aliás, deve vir ao ar ano que vem, precedida por um especial de Natal situado na Inglaterra Vitoriana (!). Até lá, todavia, você certamente será lembrado.

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