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A última Helena de Manoel Carlos nasceu cercada de muitas expectativas e ansiedade. Era, afinal, a tão anunciada última personagem emblemática criada por Maneco – apelido carinhoso do autor – e que já estava presente no imaginário do público noveleiro. Era também uma grande homenagem. Júlia Lemmertz, a filha de Lilian Lemmertz, intérprete da primeira Helena – de "Baila Comigo" (1981), foi a escolhida para a despedida da protagonista e da suposta última novela de Manoel Carlos.

Todos esperavam também uma novela muito melhor e superior do que "Viver a Vida", exibida em 2009. Mas, tão qual a última trama, Maneco decepcionou e apresentou uma novela lenta e arrastada, cheia de incoerências e exageros que em nada lembravam o autor de sucesso de novelas como "Por Amor" (1998), "Laços de Família" (2000) e "Mulheres Apaixonadas" (2003).

Um início confuso e arrastado – dividido em duas fases - embora com ótimas atuações de Bruna Marquezine e Guilherme Leicam - foi encurtado às pressas pela emissora porque não agradou os telespectadores, fez com que a audiência esfriasse nos primeiros capítulos.

Após 8 capítulos – dos 12 inicialmente previstos para a ambientação do começo da história – começou a terceira fase com o elenco atual. Um desastre por completo. A começar pelo elenco mal escalado. Natália do Valle, 60 anos, vive Chica, mãe de Júlia Lemmertz, de 50 anos. Esse é apenas um dos inúmeros exemplos de incongruência de idade dos personagens. Sem encontrar nenhuma verossimilhança, o telespectador fugiu e não retornou mais.

Mas talvez um dos maiores problemas de "Em Família" tenha sido a falta de um núcleo cômico. Faltou leveza e sobrou drama na última novela de Manoel Carlos. Para um público acostumado com as peripécias de Félix (Matheus Solano), Márcia (Elizabeth Savalla) e Valdirene (Tatá Werneck) da novela anterior, foi uma grande diferença chegar em casa e lidar com o ciúme doentio e a atuação inexpressiva de Gabriel Braga Nunes no papel de Laerte, a incoerência das atitudes e escolhas de Luiza (Bruna Marquezine), as doenças e dramas dos diversos núcleos da trama.

É verdade que a novela teve seus acertos. Mas foram poucos em uma escala com muitos erros. No final, nem o romance lésbico tão anunciado salvou a novela. Apenas ponto para, mais uma vez, a belíssima atuação de Giovanna Antonelli.

A direção de Jayme Monjardim, parceiro do autor desde "Páginas da Vida" (2006), também não contribuiu com este trabalho e serviu para deixar as cenas mais longas e arrastadas, por conta do estilo marcado de Monjardim. A leveza e agilidade de Ricardo Waddington, encontrada em trabalhos anteriores da dupla mais uma vez fizeram falta.

Por conta de todos os problemas, "Em Família" sai do ar como a novela mais curta do horário nobre da Globo dos últimos 31 anos. Foram 149 episódios.

"Amor à Vida", para uma base de comparação, foi ampliada e chegou a 221 capítulos. Uma despedida melancólica para um autor que já nos proporcionou tantas boas novelas ao longo desses anos. "Em Família" não deixou os telespectadores órfãos e deve passar longe da lista do Vale a Pena Ver de Novo. Se for para ver Maneco, é melhor ficar com a reprise de "História de Amor" no Canal Viva. Que Aguinaldo Silva e "Império" nos façam recuperar a leveza e a esperança no horário nobre. As expectativas são as melhores.

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