Ofensa a donos de agências e a modelos, que têm contestado a realidade estereotipada mostrada na trama, “Verdades Secretas” vem conseguindo segurar as pontas da audiência na Rede Globo. O sucesso relativo levou a emissora a colar a exibição da novela ao folhetim das 21 horas, “Babilônia”, que não consegue se livrar do rótulo de fracasso.
A novidade de antecipar a trama e colocá-la antes dos seriados semanais, como “Tapas e Beijos” e “Chapa Quente”, surpreendeu, inclusive, muitos telespectadores que viram a programação convencional da emissora mudar de uma hora para outra. Ainda não há uma previsão se essa estratégia deve continuar.
O bom desempenho da trama das 23 horas, que tem se mantido na casa dos 19 pontos de audiência, encontra refúgio na abordagem original do tema e no desembaraço com que a história é conduzida – característica própria de Walcyr Carrasco, que causou com o primeiro beijo gay da tevê (lembram de “Amor à Vida”?).
Mostrar uma realidade escondida pelas brumas do glamour das passarelas é um ponto de vista inédito e deixa claro para o público que a profissão de modelo é tão intransigente como qualquer outra. Fama e badalações são para poucos, ainda que a prostituição no ramo também o seja.
Embora a decisão de tocar na ferida da atividade tenha contrariado muitos profissionais, a ideia vingou. Primeiro porque traz à tona a velha história da moral corrompida: a boa moça do interior precisa ajudar a família em ruínas e, para isso, cai nas graças do poder e deixa para trás a pureza e os bons sentimentos que tem de melhor. Uma receita que não falha.
Um segundo aspecto é a estratégia bem pensada (economicamente falando) de embarcar na onda do momento e explorar o erotismo. Mesmo que frívola, a abordagem tem rendido comentários e adeptos, que esperam encontrar na novela uma aproximação com “50 Tons de Cinza”.
Mas, se é para escolher um ponto fraco de “Verdades Secretas”, ele está no elenco. Fora uma atuação e outra, como de Drica Moraes (Carolina), do próprio Rodrigo Lombardi e de Marieta Severo no papel da agenciadora Fanny (o primeiro papel da atriz na televisão depois de quase uma década e meia como a Nenê, de “A Grande Família”), pouca gente se salva.
E isso inclui a novata protagonista da trama, Camila Queiroz (no papel de Angel), recém-saída das passarelas paras os estúdios. Meiga demais para um papel tão forte e crua demais para um papel tão importante, ela deixa transparecer claramente a insegurança, o que causa certo estranhamento.
Mesmo assim, a atuação dela não é considerada das piores e até um fã-clube foi montado para comentar as cenas da menina, que, mesmo em atuação frustrante, já é considerada a nova “Lolita brasileira”.