U2 360.º se limita ao palco-nave espacial

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O U2 atingiu um patamar tal, que o mínimo que se espera de­­­les é o máximo. Trinta e quatro anos depois de terem formado a banda, Bono Vox, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. pertencem ao seletíssimo clube dos überastros – que hoje inclui apenas os Rolling Stones e Ma­­­donna.

Para artistas desse quilate, tudo precisa ser mega. Você nunca os verá se apresentarem para 40 mil pessoas no Parque Antártica tendo apenas um painel de LED como elemento cênico, como fez o Aerosmith em maio. Para eles, o patamar a ser superado é o da própria megaturnê anterior. E, convenhamos, não é nada fácil se manter no topo e conseguir ser cada vez maior do que si mesmo.

Dito isso, o concerto realizado no Rose Bowl (o estádio da final da Copa de 94, em Pasadena, Califórnia) em outubro do ano passado, que deu origem ao DVD U2 360.º at the Rose Bowl, é um tanto decepcionante. Claro que o gigantesco palco em forma de nave espacial é incrível. A estrutura, impecável, com os melhores e mais modernos equipamentos de som e luz, e um impressionante telão cilíndrico de alta resolução. E é óbvio que a banda, entrosadíssima, dispõe de uma interminável coleção de hits e ainda arrebenta no palco.

Mas, a não ser que você seja um fundamentalista da "seita" de Bono Vox, a impressão ao assistir ao DVD é de déjà vu: discursos engajados do vocalista e as mensagens de paz e tolerância – marcadas, dessa vez, por uma homenagem a Aung San Suu Kyi, ativista política de Mianmar que passou 14 dos últimos 20 anos em prisão domiciliar e inspirou a música "Walk On" –, e por um pronunciamento do bispo sul-africano Desmond Tutu, companheiro de Nelson Mandela na luta contra o apartheid, antes de "One"; vídeos de impacto, como o gravado pelo comandante da Estação Espacial Internacional, Frank de Winne, no fim de "In a Little While"; e a performance grandiloquente, com direito a pontes móveis. Ou seja, nada muito diferente do que o U2 vem fazendo desde a Zoo TV Tour (1992-1993), pelo menos.

O DVD da última turnê, Vertigo, era mais impactante. Em especial, o clima idílico em "City of Blinding Lights", a catarse em "Vertigo" e a comovente homenagem ao pai de Bono em "Sometimes You Can’t Make it on Your Own".

Neste 360.º, de novo, além das seis músicas de No Line on the Horizon, só o palco-nave espacial e o exótico "microfone-escotilha luminosa", além da jaqueta "with lasers", usados por Bono em "Ultra Violet (Light my Way)" e na clássica "With or Without You". O DVD em si também é totalmente despojado de extras (as únicas opções no menu principal são as especificações de áudio e o índice de músicas). Para uma banda da magnitude do U2 é muito pouco. (GGG)

Serviço:

DVD U2 at the Rose Bowl. Universal, 129 min., a partir de R$ 49,90.