Os jurados do programa, com Nick (esq.): simpatia por um ou outro participante| Foto: Divulgação

Serviço

America’s Got Talent

Sétima temporada. Canal Sony. Domingos, às 13 horas. Reprise aos sábados, às 13h e 14h.

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Poucas formas de reality show conseguem ser mais cruéis do que as competições de calouros. O canal Sony exibe agora, por exemplo, The X Factor, programa para descobrir novos cantores em que os jurados são gente do naipe de Britney Spears e Demi Lovato – pessoas com tanto talento vocal quanto qualquer outra, portanto – e Simon Cowell, um produtor musical que encontra satisfação para sua vida no ato de humilhar pessoas comuns.

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Há choro, palavras ásperas, sonhos demolidos, expectativas frustradas, apenas para que uma única boa alma escolhida de forma parcial ganhe os louros. É um horror.

O mesmo canal, felizmente, exibe outra competição, muito mais leve e divertida. Trata-se do America’s Got Talent. Diferentemente de X Factor, aqui vale tudo. Engolidores de espadas, contorcionistas, grupos de dança... Uma senhora se apresentou com um esquilo que praticava esqui aquático em uma piscina de plástico – só para se ter uma ideia da aleatoriedade das apresentações. Claro, não são talentos tão objetivos quanto os calouros da outra competição – embora não faltem cantores no programa também – mas não há a pressão e a expectativa de se tornar algo maior do que o próprio suporte.

Imprevisível

Todos aproveitam bem seus 15 minutos de fama e mesmo os candidatos vaiados parecem já esperar essa reação da plateia.

A sétima temporada de America’s Got Talent é ainda mais engraçada por sua imprevisibilidade. Seus jurados tresloucados – o comediante Howie Mandel, a esposa de Ozzy Osbourne, Sharon e o lendário radialista Howard Stern – volta e meia decidem simpatizar com candidatos que se destacam exclusivamente pela bizarrice, rejeitam outros pela pretensão e até solidarizam-se com alguns – pouco aptos para ganhar o prêmio de um milhão de dólares e uma apresentação em Las Vegas, mas cheios de atitude ainda assim.

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Um exemplo: em um dos programas, um aspirante a locutor de cinema foi sumariamente descartado, mas Stern sugeriu que ele auxiliasse o apresentador Nick Cannon a anunciar os próximos candidatos. Em dado momento, os dois invadiram o palco para improvisar uma coreografia para um cantor que havia sido vaiado pelo público.

A falta de critérios objetivos para avaliar uma atração dá um toque anárquico, benéfico ao formato, que peca pela repetição.

America’s Got Talent não é exatamente um programa edificante. Mas é engraçado e mais sincero em sua intenção do que os programas de calouros que existem por aí. É um palco para a experimentação em entretenimento, e comprova o dito popular: de perto, ninguém é normal.