Opinião
Solução provisória, futuro incerto
Harry Crowl, compositor, musicólogo e professor
A Orquestra Sinfônica do Paraná, que pode ser hoje considerada a melhor do Sul do Brasil e uma das seis melhores do país, ainda não completou 30 anos de atividade. Sua história, porém, é das mais notáveis. Seu papel divulgador da música erudita de todas as épocas esteve sempre presente e apesar de, como na maior parte das orquestras brasileiras, não ter uma política objetiva para a promoção de um repertório diferenciado, incluiu em diversas ocasiões obras menos acessíveis e desafiadoras nos seus programas. Na sua trajetória conduzida por importantes regentes, como Alceo Bocchino, Osvaldo Colarusso, Roberto Duarte, Jamil Maluf, Alessandro Sangiorgi e por último, Osvaldo Ferreira, não esquecendo de uma infinidade de solistas e maestros convidados nacionais e internacionais cujos nomes não caberiam aqui, não faltaram estreias de obras atuais, lançamentos de novos compositores e resgate de obras esquecidas, além da manutenção do repertório sinfônico tradicional que abrange a música que vai desde o final do século 18 até o início do século 20.
Nos últimos tempos, sob a direção artística do maestro português Osvaldo Ferreira, a OSP atingiu um respeitável patamar ao promover uma maior diversificação no seu repertório, com ênfase na música do século 20, além de copromover eventos de envergadura internacional, tais como as Bienais Música Hoje, em parceria com a UFPR e o Ensemble Platypus, de Viena. Houve nessa gestão um grande esforço para que a Orquestra Sinfônica do Paraná atingisse um patamar de excelência internacional, com inclusive a introdução, pela primeira vez, de um maestro assistente, função que foi desempenhada por Márcio Steuernagel, regente titular da Orquestra Filarmônica da UFPR, através de convênio entre as duas instituições. Vale ainda notar que somente uma ou outra orquestra sinfônica no Brasil executou tantas obras de compositores brasileiros nos últimos cinco anos.
Em 2014, com a saída do maestro Osvaldo Ferreira da direção artística da orquestra, a Associação dos Músicos (Amosp) assume essa função. Na programação elaborada constam como regentes convidados alguns nomes já conhecidos da orquestra. É uma situação transitória que pode ser a solução em um final de governo, já que as mudanças na administração do Estado sempre afetam diretamente o funcionamento dos órgãos culturais, algo que não deveria acontecer se houvesse uma política cultural objetiva estabelecida. Infelizmente, já estamos nos acostumando no Brasil, com as ações unicamente remediadoras de curtíssimo prazo.
Vai ficar ainda para uma próxima gestão a elaboração de uma política de divulgação mais profissional, com informações atualizadas e precisas, tanto na página eletrônica quanto nos programas da orquestra, gravações de CDs e DVDs, encomendas de obras, além de turnês nacionais e internacionais que trariam um grande prestígio ao estado do Paraná. A nova temporada, que começa nesta semana, apresentará um programa ousado e desafiador, com obras de Béla Bartók e Carl Nielsen, com a participação dos argentinos Dante Anzolini (regente) e Cláudio Barile (flautista). Ambos de consolidado prestígio internacional.
Programe-se
Orquestra Sinfônica do Paraná
Guairão (Pça. Santos Andrade, s/nº), (41) 3304-7900. Concerto de Abertura dia 13, às 20h30. Segundo concerto com Dante Anzolini, dia 23, às 10h30. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).
A Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) faz nesta quinta-feira, às 20h30, o concerto de abertura da temporada de 2014 no Guairão. Sem maestro titular após a saída de Osvaldo Ferreira, o grupo se apresenta sob regência de Dante Anzolini, que também comanda o grupo no concerto do próximo dia 23.
O maestro argentino é o primeiro de uma série de convidados que se alternam à frente da OSP em uma espécie de residência de dois concertos, que resulta em um período de aproximadamente duas semanas de trabalho.
O primeiro programa terá a abertura da ópera La Forza del Destino, de Verdi; o Concerto para Flauta e Orquestra, de Carl Nielsen, com solo do também argentino Claudio Barile, e Concerto para Orquestra, de Bartók.
No dia 23, o programa será composto por uma única peça a extensa Sinfonia N.º 5, de Mahler.
"Do ponto de vista do relacionamento da orquestra com um maestro convidado, um período maior necessariamente traz maiores possibilidades", opina Anzolini. "É possível trabalhar muito mais na expressão, no discurso estilístico", explica o maestro, que rege a OSP pela segunda vez.
Temporada de transição
De acordo com a diretora-presidente do Teatro Guaíra, Monica Rischbieter, a opção por uma temporada sem maestro titular e diretor artístico foi uma solução para o pouco tempo que havia entre a saída de Ferreira, em meados de dezembro do ano passado, e a definição da nova programação, que precisava ser feita ainda naquele mês. Com o orçamento reduzido e prevendo aumento de custos para convidar estrangeiros devido à Copa do Mundo, a OSP trabalhará principalmente com regentes brasileiros.
Entre os nomes previstos estão o do chileno Victor Hugo Toro (abril) e os dos brasileiros Claudio Cruz (abril), Thiago Flores e John Neschling (maio), Silvio Viegas e Guilherme Mannis (junho), Ricardo Castro (julho) e Fabio Mechetti (agosto). A programação completa ainda não foi divulgada pelo Teatro Guaíra.
O modelo, para Monica, será uma oportunidade para a orquestra conhecer o trabalho de outros maestros daqui. "É um ano para a orquestra fazer uma ponte legal até 2015, quando completa 30 anos", explica Monica, que prevê gastos de cerca de R$ 800 mil para a programação artística do grupo em 2014. Destes, R$ 600 mil são provenientes de um patrocínio da Copel. "Fechando o ano assim, teremos economizado 20% em relação ao ano passado", conta.
Sobre a linha seguida pela programação artística na nova temporada, definida pela direção do teatro e pelos músicos, o presidente da Associação dos Músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná, José Dias de Moraes Neto, explica que haverá um esforço para recuperar um público que acredita ter sido perdido com a interrupção dos concertos noturnos, que voltam a acontecer.
"Os primeiros programas dão o tom do que faremos: começamos com duas obras de muito peso e importância dentro do repertório orquestral", promete.
Dança
Balé Guaíra estreia Cinderela em agosto
Isadora Rupp
Em comemoração ao aniversário do Balé Teatro Guaíra, que celebra 45 anos em novembro, o teatro realizará uma grande montagem do balé Cinderela, com estreia no fim de agosto. O espetáculo será concebido pelo espanhol Gustavo Ramirez Sansano, que já dirigiu companhias como a Luna Negra Dance Theater, de Nova York.
É a primeira vez que Sansano usará a história de contos de fada em uma coreografia, apesar de já ter experiência em trabalhar temas clássicos em conjunto com a dança contemporânea. Em 2011, Quixoteland, bastante elogiado pela crítica, teve como base o romance Dom Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes.
A sugestão de usar a história de Cinderela foi do próprio Sansano, que esteve em Curitiba no ano passado para conversar sobre a proposta e conhecer os bailarinos do Guaíra. A intenção do coreógrafo é unir a dança contemporânea com temas musicais tradicionais. O projeto recebeu apoio financeiro da Copel e do Boticário o Balé Guaíra foi uma das companhias apoiadas pela empresa por meio do edital O Boticário na Dança e prevê dez apresentações no Guairão.
Viagens
Em 2014, além da estreia em agosto, o Balé Teatro Guaíra vai realizar, em novembro, um encontro com várias companhias públicas de dança, e também vai rodar o país com a montagem A Sagração da Primavera (de 2012, dirigida por Olga Roriz). Em maio, a companhia dança no Rio de Janeiro, na 2ª edição do Festival O Boticário na Dança. A coreografia também será apresentada na Bienal Internacional de Dança de Florianópolis e no Paralelo 16º Mostra de Dança Contemporânea, em Goiânia.
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