Serviço
Ausência
Teatro Sesi/Campus da Indústria (Av. Comendador Franco, 1.341 Jardim Botânico), (41) 3271-7400. Com Luís Melo. Dias 9, às 20 horas, e 10, às 19 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada, inclusive para trabalhadores da indústria). Classificação indicativa: livre.
A perda de memória de Atílio, personagem de Luís Melo em Amor à Vida, novela da 21 horas da Rede Globo, tem servido de exercício ao ator enquanto excursiona com seu solo Ausência, que ele apresenta hoje em última sessão no Teatro Sesi/Campus da Indústria.
A retroalimentação entre teatro e televisão é algo buscado pelo curitibano que já foi homenageado num espetáculo da Cia. do Damaceno como "o grande ator local que faz até telenovela".
Na peça da Cia. Dos à Deux, comandada pela dupla André Curti e Artur Ribeiro, Melo inaugura sua participação num espetáculo puramente gestual justo ele, que se considera um "ator da palavra". "Foi um processo longo, de sete meses de muito treinamento físico. Tínhamos um texto e o adaptamos para o Melo. É um trabalho mais poético do que engraçado", contou Curti à Gazeta do Povo.
O ator também falou com a reportagem sobre essa experiência, e outros planos seus, por telefone:
Como foi o convite para atuar em Ausência, depois de tantos trabalhos seguidos na televisão?
Aceitei de cara porque acompanho o trabalho deles há muitos anos. Ao mesmo tempo, o convite me trouxe muita ansiedade e expectativa, porque se trata de um universo com o qual eu nunca tinha trabalhado. Tinha feito coisas parecidas, como em Nova Velha História, de Antunes Filho, que não tinha texto e usávamos o "gromelô", uma língua inventada. O que me chamava atenção no trabalho de André Curti e Artur Ribeiro era a precisão, como uma história pode ser contada usando só recursos do movimento, manipulação de objetos, música, que é muito importante dentro do trabalho deles e ajuda a contar essa história de maneira bastante acentuada.
O que esse trabalho permitiu a você desenvolver como ator?
Foi um desafio, contar essa história sem usar palavras, principalmente porque todos os meus trabalhos já têm a tradição de usar a palavra sou conhecido como um ator da palavra. Apesar de que, de qualquer forma, em outros trabalhos meus, a palavra é a última que aparece, só depois que consigo criar uma organização do real. Outro fator foi poder passar pela experiência do espetáculo fazia tempo que eu não excursionava. A temporada em Paris foi incrível, e em 2014 devemos apresentar no Festival de Avignon (França).
É muito diferente do trabalho em telenovelas?
É bem diferente. É um trabalho muito específico, quase clownesco. Todos os espetáculos deles são poemas dramáticos, eles conseguem se expressar através do movimento. Foi um prazer poder trabalhar com pessoas que eu já admirava, tanto a técnica quanto a disciplina e rigidez. Os espetáculos são milimétricos. A composição exige um tônus diferente, um corpo diferente do ator, que a televisão por vezes segura, e você acaba limitando o trabalho vocal e corporal.
E na televisão, o que a duplicidade dos personagens Atílio e Gentil proporciona a você em Amor à Vida?
Gosto de papéis assim, desafiadores, em que os personagens tenham um pouco de loucura (risos). Ou pelo menos algum problema um pouco mais sério... Quando o Maurinho (Mauro Mendonça Filho) me ligou, estava na França, falei que estava com um trabalho no teatro, e ele disse que precisavam bem disso, da coisa do teatro, para poder dar vida a um personagem duplo. Foi uma delícia brincar com a alma dele, e a questão da perda de memória foi um exercício. Poder fazer novela junto com teatro é sempre bom, uma coisa alimenta a outra. Você descansa de um na outra. Às vezes é cansativo, mas no nível artístico é muito interessante esse jogo.
Como vai seu plano de montar um centro de treinamento para atores em São Luiz do Purunã?
Estamos construindo dois barracões e fazendo parcerias de residência artística, com projetos que me interessam, para atrair criadores para quando o Campo das Artes estiver funcionando.
O problema são as questões de segurança que enfrentamos na região...
Que outros projetos você tem agora?
Estamos apresentando Ausência em dez cidades do interior e capitais. Provavelmente retornaremos ao Rio e a São Paulo.
Você se formou no curso do Teatro Guaíra e atuou em espetáculos da casa nos anos 80. Agora, existe a possibilidade de o Teatro de Comédia do Paraná voltar a existir. Ele fazia falta?
Acho maravilhoso. Faz muita falta um grupo dentro da Fundação Teatro Guaíra que possa utilizar esses espaços. Tanto o curso de teatro quando a Orquestra, quando funcionavam lá dentro, juntos, formavam uma efervescência artística. Você convivia com esses espaços e usava o intercâmbio com a música e a dança. Isso é fundamental para a criação. Foi um privilégio passar por esse momento de muita efervescência. E o Paraná é um celeiro muito grande, ainda mais agora, com o boom das novas companhias, que têm despertado interesse. Essa foi a nossa luta, porque as peças nasciam e morriam aqui. Hoje já existe interesse em outros estados, por causa até dos espaços próprios de grupos como CiaSenhas, Pé no Palco, Cia. Brasileira, Espaço Cênico [ex-ACT, tocado por ele]. Me considero como se nunca tivesse saído da escola. Não faço projeto em que eu não tenha um aprendizado. Como foi Ausência.
Luís Melo, ator
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