Um ator dividido entre Greta Garbo e Dorian Gray

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O ator Roberto Cordovani se divide entre dois personagens marcantes na turnê pelo Brasil da Companhia Internacional de Teatro de Repertório Arte Livre (CIT Arte Livre) – grupo formado por brasileiros radicados na região da Galícia, na Espanha –, que começa hoje em Curitiba. Na peça Garbo Divina, ele vive o mito do cinema, a atriz sueca Greta Garbo (1905-1990). Em O Retrato de Dorian Gray, baseada no livro do irlandês Oscar Wilde (1854-1990), ele encena um dos personagens que Greta gostaria de ter interpretado, o próprio Dorian Gray.

Na quinta e na sexta-feira, o grupo encena no Teatro Bom Jesus a peça Garbo Divina, que mostra a vida de um dos maiores mitos de Hollywood. Cordovani, que faz Greta Garbo há 20 anos, ganhou diversos prêmios como melhor ator em festivais internacionais por sua atuação. Para esta remontagem, o artista leu livros, arquivos do FBI e descobriu uma Garbo comunista, envolvida na luta contra o nazismo.

A diva se afastou do cinema no auge da fama, em 1941. "A peça mostra o lado mais íntimo, solitário e humano de Greta Garbo", explica Cordovani. Depois de abandonar Hollywood, ela foi adotando trejeitos masculinos. Para o ator, o mais difícil em interpretar Greta Garbo é mostrar a linha tênue entre o masculino e o feminino sem ser caricato. Ao longo da peça, ela vai se masculinizando. "O mais difícil é o jogo da ambiguidade, muitos que assistem à peça não sabem que eu sou homem, e vão descobrindo aos poucos." Outra inovação são os cenários virtuais, feitos por Bruno Portela. O público poderá ver fotos do apartamento da atriz, em Nova York, e imagens do próprio Cordovani travestido de Greta Garbo.

De mito do cinema, Rober­­to se transforma em Dorian Gray nas apresentações de O Retrato..., no sábado e no domingo. Na montagem, que estreia em Curitiba, o ator fez a adaptação do clássico de Oscar Wilde pensando na sociedade atual. A peça recria a história do homem que se mantém jovem enquanto o seu retrato envelhece, mostrando os sinais de sua degradação física e moral.

O lado pedófilo de Dorian Gray é acentuado, com o objetivo de promover o debate sobre o problema do abuso de crianças. A peça também mostra a relação de hipocrisia e do culto ao corpo, que ganha espaço nas redes sociais. O ponto alto são os 30 figurinos de época, criados pelo estilista Conrado Segreto. Os trajes são usados por três atores, que se revezam em nove personagens diferentes.