O cineasta Neville dAlmeida é, até agora, o único artista brasileiro confirmado para a 54.ª Bienal de Veneza, a mostra mais tradicional do mundo, que será aberta no dia 4 de junho. Ele vai integrar a exposição Entre Siempre y Jamás, com curadoria de Alfons Hug, no Pavilhão América Latina, no Arsenale da cidade italiana. Foi escolhido para exibir a instalação TabAmazônica, "mergulho na cultura indígena", como diz, numa construção de taba em que imagens são projetadas em seu interior ao som de música.
Na semana passada, a curadora-geral da 54.ª Bienal de Veneza, a suíça Bice Curiger, anunciou os 82 artistas selecionados para a mostra principal do evento e no time não há nenhum brasileiro. Ao mesmo tempo, a Fundação Bienal de São Paulo e a Funarte não conseguiram ainda encontrar uma solução para viabilizar a verba de R$ 400 mil necessária para a produção do catálogo e da instalação do artista Artur Barrio para ser apresentada no Pavilhão Brasil nos Giardini de Veneza, o espaço brasileiro do segmento das representações nacionais no evento.
Uma portaria de dezembro proíbe convênios do Ministério da Cultura com instituições privadas e a Funarte, órgão ligado ao MinC, não pode repassar os recursos para a Fundação Bienal de São Paulo, responsável por selecionar a representação nacional na mostra italiana, produzir a obra de Artur Barrio, escolhido pelos curadores Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias.
"É uma pena que essa burocracia comece a comprometer coisas importantes como essa", diz o empresário Heitor Martins, presidente da instituição paulistana. "Estamos a menos de 70 dias da mostra e quanto mais tempo passa, menos o artista terá para produzir sua obra, o que começa a comprometer a qualidade dela." Segundo Martins, os contatos com os técnicos da Funarte têm sido "praticamente diários" para se achar uma solução. "Quando o Estado não consegue se organizar, o setor privado tem que assumir esse papel?", ele indaga.
Ano atípico
Falta de recursos também é um problema para o cineasta e artista Neville dAlmeida para sua participação na 54.ª Bienal de Veneza. Ele mesmo está batalhando por R$ 290 mil para produzir sua grande instalação TabAmazônica no Arsenale da cidade. "Já pedi ao MinC, à Funarte, ao Instituto Inhotim e até a colecionadores. É um ano atípico, de troca de governo, de ministros", diz Neville. "Sou artista sem galeria", completa.
A obra, criada em 2003, foi exibida em 2009 nos espaços do Oi Futuro do Rio e de Belo Horizonte. O alemão Alfons Hug, diretor do Instituto Goethe do Rio e que foi curador, em 2002 e 2004, de duas edições seguidas da Bienal de São Paulo, viu a TabAmazônica na cidade carioca.
"Era uma versão maior da instalação e gostei muito da incursão na cultura indígena brasileira", afirma Hug. Convidado pelo Instituto Ítalo-Latino Americano de Roma, instituição que desde 1972 organiza o Pavilhão Latino-Americano na Bienal de Veneza, para fazer uma curadoria para esta edição do evento, Alfons Hug selecionou Neville dAlmeida para representar o Brasil na exposição Entre Siempre y Jamás. A mostra, que ficará abrigada num dos espaços privilegiados de Veneza, vai reunir obras de 20 artistas da América Latina.
Acordos com governo e oposição dão favoritismo a Alcolumbre e Motta nas eleições no Congresso
Rússia burla sanções ao petróleo com venda de diesel e Brasil se torna 2º maior cliente
As prioridades para os novos presidentes da Câmara e do Senado
A classe média que Marilena Chauí não odeia: visitamos a Casa Marx, em São Paulo
Deixe sua opinião