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Cidinha Alves em ação na churrascaria: artista com seis discos na carreira privilegia a música sertaneja de raiz e diz cantar para alegrar seus ouvintes | Antônio Costa/ Gazeta do Povo
Cidinha Alves em ação na churrascaria: artista com seis discos na carreira privilegia a música sertaneja de raiz e diz cantar para alegrar seus ouvintes| Foto: Antônio Costa/ Gazeta do Povo

Disputando atenção com picanhas malpassadas, costelas ossudas e polentas fritas, ela canta. A música sertaneja de raiz até que combina com o ambiente rústico e familiar de churrascarias, novo palco de Cidinha Alves nas noites de terças, quintas e sextas-feiras. Por mais que não seja rapidamente reconhecida por quem desvia dos espetos, a paranaense com voz de Roberta Miranda tem história.

Se apresentou ao lado de Belarmino e Gabriela, é apadrinhada de Nascimento – da dupla Nascimento e Zeloni – e viveu a transição entre o final da época áurea do rádio e o início das transmissões televisivas no estado. Mas sua trajetória artística, que poderia ser considerada um curva descendente, é tratada de outra forma. "Estou no meu melhor momento agora", revela a cantora, depois de tirar um grande casaco cinza dos ombros e exibir uma clave de sol tatuada no braço esquerdo.

Nascida em Marialva, no norte do Paraná, Maria Alves virou Cidinha devido à devoção da mãe por Nossa Senhora Aparecida. Quando a menina completou cinco anos, a família deixou a cidade de pouco mais de 30 mil habitantes e partiu para a capital. Enquanto o pai cortava cabelos para ganhar a vida, Cidinha ouvia comentários de vizinhos sobre seu possível talento. Sua voz – diziam os atentos depois de ouvirem os "ensaios com o pai" – seria mesmo capaz de levá-la às rádios de Curitiba.

Acreditando no que ouvia, aos 7 anos, Cidinha ensaiava todos os dias. Seu Zezinho, o pai, fazia parte de um trio de música sertaneja e ensinava afinação vocal e o básico do violão. Até que Cidinha subiu em uma cadeira em um programa de auditório da Rádio Marumby. Era sua primeira vez nos palcos.

"Ela canta direitinho", concordou o radialista Leonel Rocha. Bastou. Hoje ela aceita, sem problemas, subir em mesas de bares e restaurantes para cantar. Mes­­mo estando "pesadinha", segundo suas próprias palavras.

Na adolescência, Cidinha ia a pé da Rua Itupava até a Rádio Clube Paranaense, que ficava no centro de Curitiba. A tiracolo, carregava um estojo e dentro dele um violão Del Vecchio. As críticas, assimilava de forma otimista. "Você pode não ser aquele sucesso, mas você pode criar raízes. Você vai estar em evidência", previu o amigo e radialista Jarbas Ribeiro.

Depois de aparições em quase todos os programas musicais das rádios Tingui, Colombo, Marumby, PRB2, entre outras, e programas televisivos de Belarmino e Gabriela – no canal 12 (hoje RPC TV) – e do Nossa Terra, Nossa Gente – na TV Iguaçu –, surgiu o primeiro disco. Só em 1982, pela extinta gravadora Begê. Eram gravações de músicas feitas com o pai, agora Zezinho da Rádio Colombo, e com outros amigos compositores. O trabalho seguinte só viria 15 anos depois, em 1997. De lá para cá, mais quatro discos – o último lançado em outubro deste ano – e muitos shows em churrascarias, missas, eventos. Onde for.

"Meu pai falava que não se pode desanimar, nem desistir. Aí eu canto", simplifica Cidinha, que diz fazer um trabalho humilde para o "povão" que a acompanha. A cantora perdeu o irmão vítima de câncer no começo do ano. Perdeu também a mãe há seis meses e chora quando fala das ausências. "Mas é cantando que tiramos nossas dores, não é mesmo?", indaga Cidinha, que depois, sorridente, entoa versos de suas músicas mais antigas, que falam sobre amores passados, e atuais, que divagam sobre a viagem de um caminhoneiro ou a corrida de um taxista.

Ao falar, Cidinha come alguns "esses" e inventa outros, o que revela sua origem simples e ao mesmo tempo expõe sua "humildade", palavra que repetiu por mais de dez vezes na entrevista concedida. "O som era uma ‘nhaca’ às vezes, em alguns shows, mas aí eu peço para o povo cantar por mim. Vou fazer o quê?", pergunta, mexendo as mãos gorduchas rapidamente.

Cidinha ainda tem seu lugar em algumas rádios da capital. As apresentações que faz às terças e quintas são transmitidas ao vivo pela Rádio Mais. Mas isso não é o primordial para essa paranaense que um dia cantou ao lado de Mário Vendramel e da dupla Belarmino e Gabriela e que hoje tenta de todas as formas chamar atenção em um palco semi-improvisado. "Muita gente diz: Cidinha, você é o nosso remédio. Acho mesmo que as pessoas gostam da minha presença", diz, segura.

Serviço

Cidinha Alves. Churrascaria Anjos (R. Waldemar Loureiro de Campos, 5.860 – Boqueirão). Terças e sextas-feiras às 20h. Churrascaria Modelo (R. Tenente Djalma Dutra, 2.058 – São José dos Pinhais). Quintas-feiras às 20h.

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