Um coro desafiado por Villa-Lobos

O Madrigal Brasil, grupo vocal de Curitiba que se dedica à música brasileira de concerto para coro a capela (sem acompanhamento instrumental), se apresenta hoje, às 20 horas, no Guairinha. O repertório da apresentação, que faz parte da Série Música de Câmara da Orquestra Sinfônica do Paraná, é formado exclusivamente por músicas de Heitor Villa-Lobos (1887–1959) – compositor que es­­tá no centro dos trabalhos do grupo desde o seu surgimento, em 2008.

Foram escolhidas para o concerto de hoje as obras para coral mais importantes do repertório de Villa-Lobos, que tem cerca de 300 composições do gênero e que deve ser gravado integralmente pelo Madrigal Brasil até meados de 2013. Entre elas estão três ave-marias – de 1914, 1938 e a de 1948, que o compositor escreveu para o hospital em que ficou internado em Nova York –, Bendita Sabedoria – feita sobre provérbios bíblicos – e as Bachianas Brasileiras N.º 8 e N.º 9.

Desafios

"São as obras mais difíceis e mais conhecidas do repertório, mas que, ainda assim, não são tão famosas. Infelizmente, Villa-Lobos ainda é mais conhecido lá fora do que no Brasil, porque grupos vocais brasileiros praticamente não o tocam", diz o regente titular do Madrigal, Emanuel Martinez. O mesmo concerto será levado para a turnê que o grupo faz na Europa, em novembro.

De acordo com o regente, a obra do compositor é tecnicamente difícil, o que contribui para que não seja tão difundida. "Não é qualquer grupo que consegue cantar", diz Martinez. "As dissonâncias são o aspecto mais preponderante na obra dele, assim co­­mo várias tonalidades si­­mul­­tâneas, o que é muito complicado para um coro trabalhar", explica.

Música paranaense

Quando terminar as gravações da obra de Villa-Lobos, o Madrigal Brasil – que surgiu no projeto Sonora Brasil, do Sesc, e continuou após o término da turnê de 74 concertos por todo o país – deve continuar focado na música brasileira. Mas deve abrir o repertório para outros compositores – em especial, paranaenses como Henrique de Curitiba, Brasílio Itiberê e Padre Penalva. "No Brasil, não se divulga muito a prata da casa", diz Martinez. "Isso é um problema para a música brasileira, um dos motivos pelos quais não se vai mais para frente", diz.

Serviço

Madrigal Brasil. Guairinha (R. XV de Novembro, s/nº), (41) 3322-2628. Hoje, às 20 horas. Os ingressos custam R$ 20.