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Leandra Leal e Milhem Cortaz: paixão trágica em O Lobo Atrás da Porta | Divulgação
Leandra Leal e Milhem Cortaz: paixão trágica em O Lobo Atrás da Porta| Foto: Divulgação

Laureado

Confira os prêmios que O Lobo Atrás da Porta já recebeu antes mesmo de sua estreia no Brasil:

• Festival de San Sebastian (Espanha) – Melhor filme

• Festival de Havana (Cuba) – Melhor Opera Prima (filme de estreia)

• Festival do Rio (Rio de Janeiro, Brasil) – Melhor filme e atriz (Leandra Leal)

• Miami International Film Festival (EUA) – Melhor filme e direção

• 23º Rencontre du Cinema Sud-Americain de Marseille (França) – Melhor filme e atriz (Leandra Leal)

• Festival de Gudalajara (México) – Melhor direção

O diretor paulista Fernando Coimbra começou escrever o roteiro de O Lobo Atrás da Porta, ótimo thriller psicológico brasileiro que estreia hoje nos cinemas, quando ainda estava na faculdade de Cinema e Vídeo da Universidade de São Paulo (USP). Leu a respeito do lendário caso da "Fera da Penha", um crime que fez história na imprensa carioca do início da década de 1960 e, fascinado pela história, começou a escrever o roteiro, que só iria filmar quase uma década e meia mais tarde, quando teve certeza de que estava no ponto.

Em entrevista à Gazeta do Povo, concedida por telefone, Coimbra, hoje aos 38 anos, contou que, à época em que descobriu a história, não estava em busca de um crime, mas, depois de ter lido sobre o caso, ficou obcecado, por se tratar, ao mesmo tempo, de um delito movido pela paixão e pelo ressentimento, mas planejado nos mínimos detalhes, de forma muito racional.

Para não estragar a experiência dos espectadores que forem assistir ao tenso filme de Coimbra sem conhecer, em detalhes, o caso da "Fera da Penha", este texto, assim como a resenha ao lado, vai ser econômico em informações acerca do enredo. Mas é relevante dizer que a mulher que cometeu o assassinato, um infanticídio com requintes de crueldade, foi linchada pelos meios de comunicação: "Tratavam-na como se fosse um monstro, mas ela era tão humana quanto todos nós", disse o cineasta, para justificar seu desejo de levar a história à tela, e todo o tempo que esperou para fazê-lo.

Coimbra conta que, no processo de criação do roteiro, investigou muito o caso, primeiro na imprensa e, depois, no processo judicial. Todos os depoimentos foram lidos por ele, sem exceção. Mas seu maior acerto talvez tenha sido ser capaz de se libertar dos fatos, para recriar a história no plano da ficção, trazendo-a para a atualidade, fugindo, assim, das amarras inevitáveis de um filme histórico.

Optou, no entanto, por não negar a seu filme a geografia original do caso: toda a trama se passa em bairros da Zona Norte do Rio de Janeiro, às margens dos trilhos de trens suburbanos. "Percebi que não poderia filmar em outro lugar, que aquela história estava intimamente ligada e condicionada àquele espaço", contou.

O resultado é O Lobo Atrás da Porta, um dos melhores filmes deste ano, premiado em inúmeros festivais e com boas chances de atrair o público que merece.

Opinião

Longa-metragem apresenta trama bem construída, tensa e elegante

Todos os anos dedicados por Fernando Coimbra à criação do roteiro de O Lobo Atrás da Porta valeram a pena. Seu filme, um thriller psicológico, é engenhosamente construído, e enreda o espectador do início ao fim, revelando, aos poucos, com elegância e tensão, a sua terrível verdade.

Descobrimos, logo nos primeiros minutos da projeção, que a filha de Sylvia (a curitibana Fabíula Nascimento) desapareceu. Foi levada depois de a escola receber uma ligação de uma mulher, que se fez passar pela mãe e autorizou "uma amiga" a pegar a menina.

A partir de depoimentos prestados ao delegado (Juliano Cazarré), um sujeito meio tosco, sem muitas papas na língua em seus interrogatórios, ficamos sabendo outras possíveis verdades. Sempre versões, ouvidas da boca do pai da criança, Bernardo (Milhem Cortaz), que teria um caso com outra mulher, e de Rosa (Leandra Leal), a suposta amante.

Baseado em fatos reais, mas sem a preocupação em se prender ao caso verdadeiro, O Lobo Atrás da Porta se passa nos dias atuais em um subúrbio do Rio de Janeiro, como a história que lhe deu origem.

Bernardo, que trabalha para uma empresa de ônibus urbanos, e Rosa se conheceram a bordo de um trem, que liga esses bairros da Zona Norte ao Centro. Tudo é muito autêntico, a ambientação, os diálogos, as atuações. É essa verdade, que verte da dramaturgia trabalhada pelo roteiro, que substitui aquela do fato histórico, que Coimbra talvez não conseguisse transpor com tanta consistência. GGGG

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