• Carregando...
“Todos os meus livros são grandes reportagens que poderiam muito bem terem sido publicadas em série em jornais ou revistas” - Fernando Morais, escritor | Divulgação / Janete Longo
“Todos os meus livros são grandes reportagens que poderiam muito bem terem sido publicadas em série em jornais ou revistas” - Fernando Morais, escritor| Foto: Divulgação / Janete Longo

Bate-papo com quem interessa

Paulo Camargo

O jornalista Fernando Morais é o convidado especial do ex-deputado fedetal Marcelo Almeida (PMDB) para o primeiro encontro de 2012 do programa Conversa entre Amigos, que acontece hoje, às 19h30, na Livrarias Curitiba do Shopping Estação. Ele vai debater com os leitores curitibanos o seu mais recente livro Os Últimos Soldados da Guerra Fria, lançado no ano passado pela Companhia das Letras.

Criado em 2004, Conversa entre Amigos é um projeto de incentivo à leitura criado por Almeida, inspirado pelo livro Felicidade, de Eduardo Gianetti, que conta a história de um grupo de amigos que decide renovar seus vínculos se encontrando regularmente para debater assuntos de interesse em comum. Antes das reuniões, todos liam um texto base e discutiam sobre ele.

Hoje com encontros a cada três meses, sempre na Livrarias Curitiba do Shopping Estação, Conversa entre Amigos possibilita aos participantes ler quatro obras por ano, em um sistema de empréstimo.

Além do programa de estímulo à leitura, Almeida vem dedicando especial atenção a projetos culturais, desempenhando o papel de uma espécie de mecenas, financiando, sem leis de incentivo ou fins lucrativos, diferentes iniciativas em várias áreas.

Recentemente, ele contribuiu para a realização do documentário Wilson Martins – A Consciência da Crítica, do cineasta piauiense Douglas Machado, sobre o crítico literário, morto em janeiro de 2010. Também financiou a publicação do livro E Se Contorce Igual a um Dragãozinho Ferido, do escritor curitibano Luiz Felipe Leprevost.

O próximo projeto patrocinado por Almeida serão três romances que terão como cenário a Praça Osório. A ideia surgiu de O Fotógrafo, livro de Cristóvão Tezza, cuja ação se desenrola tomando como espaço a Praça do Experdicionário. A previsão é a de que os originais sejam entregues até julho.

Serviço: Conversa entre Amigos com Fernando Morais. Hoje, às 19h30. Livrarias Curitiba do Shopping Estação. Entrada franca.

Com uma dezena de livros publicados, o escritor mineiro Fernando Morais é um garimpeiro de boas histórias. Aproveitando o pouco destaque da mídia na época em que aconteceram, Morais desencrava do limbo do passado sagas surpreendentes que não raro guardam em si absurdos digno de uma obra cinematográfica de ficção.

Mesmo assim, o escritor não atribui a seu dom mais do que o frequentemente associado faro jornalístico, adaptado à condição de escritor. "Todos os meus livros são grandes reportagens que poderiam muito bem terem sido publicadas em série em jornais ou revistas", conta Morais, que participará hoje do projeto Conversa Entre Amigos, às 19h30 nas Livrarias Curitiba do Shopping Estação e abre amanhã a temporada 2012 da série Um Escritor na Biblioteca, realizado pela Biblioteca Pública do Paraná. Nas ocasiões o escritor fala de seu mais recente livro, Os Últimos Soldados da Guerra Fria e também sobre sua relação com a leitura e as bibliotecas, respectivamente.

Foi a partir de uma notícia de rádio que entreouviu em um táxi que o instinto de repórter começou a se manifestar para compor Os Últimos Soldados da Guerra Fria, 40 anos após seu primeiro livro sobre o país de Fidel Castro, A Ilha. "Ouvi sobre a prisão de dez agentes cubanos infiltrados nos Estados Unidos. No nosso primeiro dia de jornalista, seja na redação ou na faculdade, a gente aprende que cachorro abanando o rabo não é notícia, mas rabo abanando o cachorro é. Pois bem, que os Estados Unidos espiem o mundo a gente já espera, mas Cuba espiando os Estados Unidos era algo inusitado o bastante para ir atrás", lembra Morais, sobre a história do grupo Vespa, agentes cubanos infiltrados nos Estados Unidos na década de 90, para prever ataques terroristas à ilha de Castro.

Não seria, entretanto, qualquer escritor que conseguiria facilmente chegar a essa história. Defensor do regime de Cuba, Morais dispôs de mãos amigas para fazer a pesquisa de seu livro. "Desde que escrevi A Ilha, voltei várias vezes a Cuba, entrevistei Fidel Castro três vezes e construí um banco de fontes que ia desde gente mais humilde a funcionários do governo. Essa boa relação com o país, além do fato de eu ter escrito A Ilha e Olga, sobre uma líder comunista, me auxiliou a abrir algumas portas impenetráveis pelo zelo com que os cubanos têm com esses materiais de alta sensibilidade", explica.

Projetos

Aficionado por documentos, Fernando Morais diz ter três caixas em casa repletas de pe­­daços de histórias capazes de se tornar um livro, "se o tempo e o destino permitirem". Contudo, além do tão falado projeto sobre a biografia do político baiano Antônio Carlos Magalhães, seu próximo projeto já está definido: um recorte da vida de Lula, de sua prisão na década de 80 à entrega da faixa presidencial à Dilma Rousseff, em 2011. "Conheci o Lula quan­­do ele foi preso, e frequentava muito o ABC na época em que eu era deputado es­­tadual. Gravei diversas en­­trevistas com Lula, e assim que ele melhorar da garganta [devido ao câncer de laringe que o ex-presidente trata], retomaremos as gravações."

Serviço:Um Escritor na Biblioteca – Fernando MoraisAuditório Paul Garfunkel – Biblioteca Pública do Paraná (R. Cândido Lopes, 133), (41) 3221-4900. Dia 27, às 19. Entrada franca.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]