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Desde o ano passado, quando passou por uma reforma, a Sociedade Cultural Abranches renovou  seu público sem perder o ar tradicional | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Desde o ano passado, quando passou por uma reforma, a Sociedade Cultural Abranches renovou seu público sem perder o ar tradicional| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Prestes a comemorar 103 anos, a Sociedade Cultural Abranches vive um momento especial. Localizada a quase 8 quilômetros do Centro e a poucos metros do Parque São Lourenço, ela se tornou a única casa de shows da zona norte da cidade com capacidade para mais de 2 mil pessoas e vem atraindo apresentações de bandas conhecidas nacional e internacionalmente, como os rockeiros do Nazareth (Escócia), Accept (Alemanha), e os brasileiros Titãs e Marcelo Nova. A paleta musical não fica restrita ao rock, contando com gêneros como o pagode, representado pelo grupo Raça Negra, se apresenta lá no fim de maio. Mesmo assim, há muita gente que desconhece o lugar.

A badalação começou no fim de 2012, depois de uma extensa reforma que transformou o antigo casarão em um moderno espaço de shows. "A casa foi reformulada e agora tem telões, praça de alimentação, sete saídas de emergência e camarins. Tudo isso sem perder o característico ar tradicional", conta o atual presidente Marcos Roberto Vilcek.

Por causa dessa renovação, o público que tinha o costume de frequentar a Sociedade voltou a dar as caras. É o caso da protética Andrea de Souza, que começou a participar das atividades de lá em 1992. Hoje, com 35 anos, diz estar feliz com o rumo que o lugar está tomando. "Tudo ficou bem amplo. Os bares e banheiros, que estavam antigos, melhoraram muito. O quesito segurança evoluiu bastante", comenta.As mudanças também agradaram o analista de sistemas Paulo Roberto Alessi, que se diz frequentador "desde que se dá por gente". Ele acredita que a Sociedade Cultural Abranches é um ponto muito significativo para o bairro. "Em termos de infraestrutura, a região é um pouco abandonada. Com essa maior atenção que o Abranches vem recebendo, acho que vamos ter uma ‘bola de neve’ no bom sentido. É uma questão de tempo para que o comércio se desenvolva e beneficie os moradores", explica.

Ambos os frequentadores defendem que a reforma não foi apenas estrutural, mas que mexeu também com o "caráter" do lugar. "Fiquei um tempo sem ir, porque não era fã dos eventos que estavam acontecendo, como shows de funk. Agora, tudo está voltando a ser como era. Acho importante ter um local que forneça diversão saudável que possa ser aproveitada com a família", justifica Andrea. Para Paulo Roberto, as raízes da casa passaram a ser respeitadas. "Sempre foi um clube tradicionalíssimo de rock e essa tradição está voltando a ser honrada. Há shows que não são desse gênero, mas, de qualquer modo, acho que a moral da Sociedade é resgatada", considera.

Na opinião do presidente, se tudo continuar como está, o número de frequentadores deve aumentar. "Por mais que nosso público seja formado por pessoas mais velhas, os filhos delas aprendem a gostar do que os pais gostam. Além disso, os shows estão atraindo gente de fora do Abranches, o que fortalece a Sociedade", diz.

Trajetória

Ao longo da história: de bailes poloneses a festas de rock

Muito antes de abrigar shows de grupos conhecidos, a Sociedade Cultural Abranches surgiu como um "porto seguro" para as famílias polonesas que chegavam a Curitiba no início do século 20. Criada no dia 15 de agosto de 1910, a Sociedade Polonesa Operária Beneficente Rei Ladislau Jaglielo tinha como objetivo proteger a comunidade. "Os poloneses recém-chegados estavam, às vezes, numa situação financeiramente complicada. Eles buscavam ajuda de quem já estava bem-estabelecido por aqui", explica o presidente Marcos Roberto Vilcek.

Desde o começo da Sociedade, era comum a realização de bailes que buscavam preservar a cultura da Polônia. Os eventos, que celebravam os elementos típicos do país original, colaboravam no fortalecimento do Abranches – a primeira colônia de imigrantes poloneses do Sul do Brasil.

A Sociedade Cultural Abranches só surgiu, com este nome, em 1988, quando a casa mudou de foco e passou a investir em elementos típicos de clube, como canchas de futebol, tênis e piscinas. Além disso, matinês musicais eram costumeiras e reuniam as famílias do bairro. "O rock era muito forte e acabou se tornando nossa especialidade, o que era respaldado por shows de bandas locais. Esses eventos criaram gerações de fãs do estilo", conta.

Com o tempo, a Sociedade acabou se distanciando um pouco de suas raízes e deu lugar aos bailes funks e festas com música eletrônica. Esse "hiato" só chegou ao fim no ano passado, com as inovações marcadas pela reforma. "Percebemos que essas novas festas não estavam atraindo o público fiel da casa, o que dificultava, inclusive, o nosso sustento. Aí, corremos atrás de eventos de maiores proporções, o que está dando certo", ressalta Vilcek. "Além de não deixarmos o rock de lado, vamos dar lugar a estilos como samba e forró, assim como bailes típicos. A diversificação é importante", completa.

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O que vem por aí

Confira as próximas atrações da Sociedade Cultural Abranches:

• 10/05 – Matanza

• 18/05 – Marcelo Nova

• 25/05 – Raça Negra

• 15/06 – Letz-Zep, cover de Led Zeppelin

• 29/06 – Geração 80, com Nasi, Kiko Zambianchi e Kid Vinil

Os convites podem ser adquiridos pelo serviço Disk Ingressos (www.diskingressos.com.br).

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Serviço

Sociedade Cultural Abranches. R. Mateus Leme, 5.932, Abranches. (41) 3354-1030

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