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Integrantes da desCompanhia, abrigada no Vila Arte, espaço que dará origem ao Vilinha | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Integrantes da desCompanhia, abrigada no Vila Arte, espaço que dará origem ao Vilinha| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Quem acha que dança contemporânea é coisa só para adultos com muita história de vida para expressar no palco talvez se surpreenda com um projeto que está para ser inaugurado em frente ao Museu Oscar Niemeyer. A escola Vilinha – Dança pra Criança apresentará o estilo para alunos a partir dos 4 anos de idade.

A ideia é como um filhote do espaço de dança Vila Arte, criado em 2003 pela bailarina paulista Cintia Napoli e destinado a adolescentes e adultos. Ela conta que sentia falta de um lugar onde o corpo fosse tratado como um todo, e não fosse escravo da técnica.

O ideal que ela transformou em escola em pleno coração de Curitiba (o Vila Arte fica na Rua Saldanha Marinho, ao lado da catedral) agora será uma opção para quem deseja transmitir essa mesma visão aos filhos de até 13 anos de idade. "Quando converso com pais e mães, eles me falam da falta de ambientes férteis para a criatividade artística", explica.

Além do ensino da dança de cores mais atuais, haverá o balé clássico – mas com "pensamento contemporâneo", como explica Cintia: enxergar o movimento como meio, e não um fim em si mesmo.

O resultado da abolição da rigidez de formas, segundo ela, vai muito além de despertar a criatividade. "Queremos ensinar a autonomia, que é um componente da própria cidadania", diz Cintia, que no momento estuda Filosofia.

Ela vai mais longe, enxergando na arte o caminho para combater comportamentos nocivos, como o bullying nas escolas. "A dança pode despertar o respeito e a tolerância pela individualidade", complementa a professora Juliana Adur, que dá aulas no Vila Arte. Ao mesmo tempo em que a experiência com a dança desperta a individualidade na criança, exercícios em grupo estimulam os bons relacionamentos, dizem.

Lúdico

Para proporcionar todo esse desenvolvimento nos mais novos, a proposta do Vilinha, que deve ser inaugurado dentro de dois meses, é se adaptar à realidade das crianças. As ferramentas para isso irão desde a cor das paredes até o acesso a bolas e o que mais for necessário para estimular a criatividade, como aulas de modelagem de argila.

Mas como "o essencial é invisível aos olhos", nas palavras de Saint-Exupéry, o mais importante será a atitude dos professores em relação ao desempenho apresentado pelas crianças. "Não cabem posturas como rigidez para alcançar resultados, e sim o respeito ao tempo e limite de cada aluno", explica Cintia.

Esses profissionais deverão sair do corpo do Vila, e outros que partilhem dessa visão serão acrescentados à turma de instrutores.

As aulas devem ter cerca de 50 minutos, que é o período considerado adequado para manter a atenção das crianças. Outros eventos comporão a grade de atividades, como já ocorre no Vila Arte, que tem cerca de cem alunos. Serão apresentações espontâneas, ao longo do ano, que podem até substituir a tradicional montagem de fim de ano, mais formal.

Frentes

Além das aulas regulares de clássico e contemporâneo, o Vila Arte promove apresentações (o Café com Dança) e uma mostra de compartilhamento de processos em dança, além de servir de sede para um núcleo de pesquisa. Também abriga a desCompanhia, grupo de dança que agrega todos esses conceitos pregados pela escola e que recentemente apresentou seu trabalho na cidade alemã de Ingolstadt (com as performances Lugares de Mim e Feche os Olhos para Olhar).

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