O desenhista Joaquim Nunes de Souza (19822004), um talento precoce, que enfrentou adversidades como a pobreza e uma esquizofrenia desenvolvida poucos anos antes de morrer de pneumonia, aos 22, finalmente recebe o reconhecimento que merece.
Uma mostra retrospectiva, organizada pelo curador Pierre Lapalu, volta ao cartaz hoje na Galeria Serendipe, após passar pelo Solar do Barão, no ano passado, com o objetivo de resgatar a tortuosa trajetória desse artista, que foi uma espécie de observador silencioso da sociedade.
Souza desenhava rostos de moradores de bairros curitibanos, pedestres do Centro, passageiros nos terminais de ônibus, em uma tentativa ambiciosa de catalogar e classificar os habitantes de sua cidade. Ao lado dos desenhos, fazia observações escritas que levaram Lapalu a denominá-lo de "etnógrafo naïf", título da exposição.
O que você acabou de ler acima é, na verdade, puro exercício ficcional do verdadeiro autor dos desenhos da exposição, Pierre Lapalu, que criou o personagem Souza como uma espécie de arquétipo do artista torturado. "Queria usar o desenho de modo que ele não terminasse em si mesmo, como é a tradição, então, me apropriei da ficção, muito usada na arte contemporânea", disse à reportagem o artista formado em gravura pela Escola de Belas Artes do Paraná (Embap).
A exposição é uma reedição da montagem de mais fôlego realizada no Solar do Barão. "Muita gente que queria ter visto e não viu terá a chance agora", diz a galerista Gissele Chapanski. Ela e os demais sócios da Serendipe, que representam o artista, se interessaram justamente pela proposta de Lapalu de não criar apenas obras, mas uma proposta fechada, uma narrativa. "Ele cria uma persona, sua criação transcende a parte material da obra", analisa Gissele. (AV)
Serviço
Etnógrafo Naïf. Mostra de Pierre Lapalu. Serendipe (Al. Prudente de Moraes, 1.069), (41) 3024-2336. Abertura, dia 23, a partir das 13h30. De segunda a sexta-feira, das 13h30 às 19h30, e sábado, das 9h30 às 13h30.
Alcolumbre e Motta assumem comando do Congresso com discurso alinhado a antecessores
Hugo Motta defende que emendas recuperam autonomia do Parlamento contra “toma lá, dá cá” do governo
Testamos o viés do DeepSeek e de outras seis IAs com as mesmas perguntas; veja respostas
Cumprir meta fiscal não basta para baixar os juros
Deixe sua opinião