Foram 16 tentativas até que a canção "Filosofando" saísse redonda para o novo DVD de Alexandre Nero, Revendo Amor, com Pouco Uso, Quase na Caixa , que traz 20 faixas gravadas ao vivo pelo cantor no início do ano.
Entre cansaço e discussões, cada batida da claquete está registrada na edição final do DVD, que chegou às lojas recentemente. A ideia de Nero é mostrar que se trata de um filme, um documentário musical.
"Não conseguíamos gravar de jeito de nenhum. Achei que teríamos de tirar a música do repertório", conta Nero, por telefone. "Foi nessa hora que percebi: isso é dramaturgia. Porque a dramaturgia é nada mais que conflito. Isso que está acontecendo é um filme."
Banda de coreto
As gravações, sem plateia mas à maneira de espetáculo, aconteceram na casa da família Brandão, em Curitiba, no mesmo local que recentemente foi transformado na Sala Brandão um pequeno espaço para concertos idealizado por Hélio Brandão.
Helinho, como é chamado por Nero, é o contrabaixista da banda base do novo trabalho, que conta com Fábio Cardoso (piano), Ary Giorgani (acordeão), Vina Lacerda e Val Ofílio (percussão), Rodrigo Brazão (trombone), Douglas Chiullo (trompete), além das participações de Sebastião Interlandi Junior (flauta piccolo e flautim), André Abujamra e Luiz Felipe Leprevost.
A formação atende à estética ligada ao mundo das bandas marciais, coretos de interior, circo, realejos e música do Leste Europeu que inspirou o álbum Vendo Amor, em Suas Mais Variadas Formas, Tamanhos e Posições, lançado por Nero em 2011, depois de anos sem apresentar novos trabalhos musicais.
O CD é a espinha dorsal do filme. Outras faixas ligadas ao universo do projeto foram agregadas, como "A Banda", de Chico Buarque. "Ela fala exatamente sobre o que estou fazendo. É uma banda de fanfarra falando de amor, bem coreto de interior, essa coisa da bandinha passando pela rua", explica Nero.
Amores
O amor é o tema principal do repertório, tal como no CD. "É tão óbvio, recorrente. Todo mundo já falou. Mas quero tentar falar do amor de maneira diferente", argumenta.
O amor surge em seu sentido universal, voltado para a humanidade, em "O Mundo", de André Abujamra. Em seu aspecto químico, na inédita "Paixonite". E em sua inseparável faceta sexual, em que Nero também procura o menos usual com "Golden Shower", que diz: "Faz amor comigo pra depois mijar em mim".
"Quero fugir dessa obviedade de falar sempre desse amor e desse sexo. É importante abrir os leques", diz.
O filme já virou show, cujo lançamento foi no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, no dia 17 do mês passado. Atualmente no elenco da novela Além do Horizonte e no programa Amor & Sexo, da Rede Globo (e em cartaz nos cinemas no elenco de Crô O Filme), Nero vai precisar esperar antes de cair na estrada com o espetáculo. Mas este é o plano. "Foi um ápice na minha carreira conseguir colocar o teatro contemporâneo no palco, sem ninguém fazendo personagens", conta. "Acabou virando um teatro musical."
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