As gravações do DVD de Alexandre Nero aconteceram na casa da família Brandão, em Curitiba| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
DVD - Revendo Amor, com Pouco Uso, Quase na Caixa - Alexandre Nero. Nossa Cultura. R$ 39,90. MPB

Foram 16 tentativas até que a canção "Filosofando" saísse redonda para o novo DVD de Alexandre Nero, Revendo Amor, com Pouco Uso, Quase na Caixa , que traz 20 faixas gravadas ao vivo pelo cantor no início do ano.

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Entre cansaço e discussões, cada batida da claquete está registrada na edição final do DVD, que chegou às lojas recentemente. A ideia de Nero é mostrar que se trata de um filme, um documentário musical.

"Não conseguíamos gravar de jeito de nenhum. Achei que teríamos de tirar a música do repertório", conta Nero, por telefone. "Foi nessa hora que percebi: isso é dramaturgia. Porque a dramaturgia é nada mais que conflito. Isso que está acontecendo é um filme."

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Banda de coreto

As gravações, sem plateia mas à maneira de espetáculo, aconteceram na casa da família Brandão, em Curitiba, no mesmo local que recentemente foi transformado na Sala Brandão – um pequeno espaço para concertos idealizado por Hélio Brandão.

Helinho, como é chamado por Nero, é o contrabaixista da banda base do novo trabalho, que conta com Fábio Cardoso (piano), Ary Giorgani (acordeão), Vina Lacerda e Val Ofílio (percussão), Rodrigo Brazão (trombone), Douglas Chiullo (trompete), além das participações de Sebastião Interlandi Junior (flauta piccolo e flautim), André Abujamra e Luiz Felipe Leprevost.

A formação atende à estética ligada ao mundo das bandas marciais, coretos de interior, circo, realejos e música do Leste Europeu que inspirou o álbum Vendo Amor, em Suas Mais Variadas Formas, Tamanhos e Posições, lançado por Nero em 2011, depois de anos sem apresentar novos trabalhos musicais.

O CD é a espinha dorsal do filme. Outras faixas ligadas ao universo do projeto foram agregadas, como "A Banda", de Chico Buarque. "Ela fala exatamente sobre o que estou fazendo. É uma banda de fanfarra falando de amor, bem coreto de interior, essa coisa da bandinha passando pela rua", explica Nero.

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Amores

O amor é o tema principal do repertório, tal como no CD. "É tão óbvio, recorrente. Todo mundo já falou. Mas quero tentar falar do amor de maneira diferente", argumenta.

O amor surge em seu sentido universal, voltado para a humanidade, em "O Mundo", de André Abujamra. Em seu aspecto químico, na inédita "Paixonite". E em sua inseparável faceta sexual, em que Nero também procura o menos usual com "Golden Shower", que diz: "Faz amor comigo pra depois mijar em mim".

"Quero fugir dessa obviedade de falar sempre desse amor e desse sexo. É importante abrir os leques", diz.

O filme já virou show, cujo lançamento foi no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, no dia 17 do mês passado. Atualmente no elenco da novela Além do Horizonte e no programa Amor & Sexo, da Rede Globo (e em cartaz nos cinemas no elenco de Crô – O Filme), Nero vai precisar esperar antes de cair na estrada com o espetáculo. Mas este é o plano. "Foi um ápice na minha carreira conseguir colocar o teatro contemporâneo no palco, sem ninguém fazendo personagens", conta. "Acabou virando um teatro musical."

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