A maior força de Primo Basílio, uma das estréias desta semana, é talvez (e também) sua principal fraqueza: o fato de ser popular ao extremo. Um filme pensado para agradar o maior número possível de brasileiros.
Daniel Filho, dono do sucesso comercial número um do cinema nacional do ano passado a comédia Se Eu Fosse Você, que vendeu 3,6 milhões de ingressos , tem uma relação de cumplicidade com o público fora do comum.
Disposto a fazer um melodrama, o diretor e produtor pensou em Nelson Rodrigues, mas escolheu Primo Basílio, o romance de Eça de Queiroz, trocando Portugal pelo Brasil e o século 19 por 1958, em plena construção de Brasília.
Luísa (Débora Falabella) é casada com Jorge (Reynaldo Gianecchini), homem apaixonado tanto pela mulher quanto pela engenharia. Ele é um dos profissionais que trabalham na capital federal projetada por Oscar Niemeyer. O casal vive em São Paulo. Numa das viagens dele a trabalho, entra em cena Basílio de Brito (Fábio Assunção), primo português de Luísa, parente único e paixão antiga.
Na ausência de Jorge, ela acaba se envolvendo com Basílio. É quando Juliana (Glória Pires), a empregada que o casal herdou junto com a casa, mostra as garras. Frustrada com um salário de fome, Juliana logo descobre as escapadas da patroa e passa a chantageá-la. Se não pagar os 200 mil cruzeiros que exige, vai dedurá-la ao patrão.
Primo Basílio funciona como uma telenovela (apesar de ser bem mais picante). A trilha sonora é onipresente, há um sem-número de closes e não é difícil prever o que vai acontecer em seguida. É a lógica do conforto gerado pela repetição. Dá-se ao público exatamente aquilo que ele espera ver, interpretado por atores conhecidos e com uma ou duas surpresas pelo caminho.
Ainda assim, é um filme honesto porque não parece almejar nada além do descrito no parágrafo anterior. GG1/2