Sentar ao lado de Pierre Dutot, em um ônibus e por cerca de 20 minutos, basta para perceber porque o francês é tão "perseguido" por seus alunos. Professor de trompete da 28.ª Oficina de Música de Curitiba, o sujeito, parrudo e de cabelos brancos, tem a fama de ser mestre no sentido da palavra: ensina, aprende e convive.
Não à toa, houve intensa procura por sua oficina. Dos alunos do ano passado, quase todos voltaram para um novo encontro em 2010. Alguns mantiveram contato via internet ao enviar vídeos e assistir a aulas virtuais, foram atendidos rapidamente e com a maior atenção do mundo.
"Não sei direito o que acontece aqui. A energia é muito boa, os alunos são abertos, disponíveis e atenciosos. E eles precisam entender que cada vez em que forem solicitados na vida, têm que responder", diz Dutot, também graduado em psicologia e em educação física.
E sua figura não se constrói somente devido à sua personalidade, ao mesmo tempo enérgica e generosa, e à sua capacidade de relacionamento, que tem a música como linguagem universal. Dutot é vencedor do prêmio em trompete pelo Conservatório Nacional Superior de Paris, construiu reputação sólida e internacional por meio da carreira de solista no Conservatório Superior de Música de Lyon, foi solista da Orquestra Nacional de Lyon, além de ter participado de mais de 80 gravações de discos.
Enquanto mestre, realiza master classes na França, Austrália, Nova York, México, China e Japão. De quebra, seus antigos alunos têm obtido grandes êxitos. Como Pascal Clarhaut (trompete solo na Ópera de Paris), Eric Plante (trompete solo na Guarda Republicana de Paris), André Henry (vencedor do primeiro prêmio de solista internacional de Genebra) e David Guerrier (vencedor de várias competições nacionais e internacionais). E tudo começou com um palhaço.
"Minha família não era envolvida com música. Me tornei trompetista aos dez anos graças a um palhaço que eu vi em um circo. Ele tocava aquele instrumento, que fazia um som maravilhoso. Foi paixão à primeira vista", conta Dutot. "Não podemos amar uma coisa que não encontramos ainda. Então, o que passo para os alunos é que eles têm um dever para com o instrumento, que é o de compartilhar a felicidade da música com as outras pessoas."
Sem barreiras
Para Eduardo Ferreira, de 28 anos, Dutot "faz questão de derrubar as barreiras que possam existir". Um exemplo: "Ele fez questão de que experimentássemos os instrumentos dele, que são top de linha. Aquilo custa mais caro que eu", brinca o gaúcho, que faz oficina com o francês pela segunda vez. "Ele tem uma naturalidade surpreendente", complementa.
Quem já enrola um pouco a língua para falar sobre Pierre Dutot é Maikon Sousa, brasileiro que mora na Argentina há cinco anos toca em uma Orquestra Sinfônica estudantil. "As técnicas de ensino também são diferentes. Além das que envolvem o trompete, ele mostra como manter o controle do corpo", conta.
Fã de samba e bossa nova ele toca "Corcovado", Dutot faz questão de dizer , o francês continua na cidade, despedindo-se provisoriamente de seus alunos, cativando mais fãs, e acompanhando e participando da fase de MPB da 28.ª Oficina de Música de Curitiba, que segue até o próximo dia 31.
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