Freddie Mercury A Biografia Definitiva, da jornalisra inglesa Lesley-Ann Jones, não consegue justificar o pretensioso título, mas tem atrativos. Famoso mundialmente como cantor da banda de rock Queen, Freddie Mercury (1946-1991) já foi muitas vezes biografado. Em língua inglesa, é possível listar pelo menos 20 livros sobre ele que têm alguma relevância.
Uma questão sempre colocada ao relatar a vida do artista é contemplar dois lados distintos e atraentes de sua história: o sucesso com o Queen e a vida sexual sem freio, culminando na morte em decorrência da Aids.
A autora alcança um bom equilíbrio, o que deixa a narrativa fluir entre estúdios, shows e festas da pesada, mantendo o interesse do leitor pelas quase 500 páginas.
O que compromete um pouco a obra é uma preocupação excessiva em justificar o comportamento de Mercury fazendo relações com passagens de infância e juventude, num exercício desinteressante e rasteiro de psicanálise.
Mercury chega a ser retratado como uma pessoa patologicamente insegura. Para a autora, ele não superou certo complexo de inferioridade por ter nascido em Zanzibar, que hoje pertence à Tanzânia.
É compreensível que ele, jovem imigrante em Londres com alguma intenção de fazer carreira no meio da música, escondesse sua origem. Afinal, o mundo pop do final dos anos 1960 estaria preparando para uma estrela nascida em solo africano e com ascendência indiana?
Mas o livro tem qualidades, que passam por uma edição de capítulos que, às vezes, quebra a linearidade do relato, com bons resultados. Um exemplo é quando a autora vai a Zanzibar para mostrar a boa condição da família do garoto Farrokh Bulsara, sua relação com os pais, a iniciação sexual com meninos da escola e a não muito satisfatória mudança para a Inglaterra.
Surge o Queen
Os anos que se passam antes da formação do Queen, quando Mercury já conhecia Brian May e Roger Taylor (futuros parceiros na banda), mostram um Freddie Mercury zanzando no underground, mas relutando em ser cantor.
Quando a carreira do grupo deslancha e ele se torna um ídolo de rock, o sexo casual vira obsessão. Mercury tem um cotidiano dividido entre o Queen e as noites selvagens, relatadas no livro com detalhes, mas sem sensacionalismo incluindo as vindas da banda ao Brasil, em 1981 e 1985. Embora a autora demonstre muita afeição pelo biografado, sua morte é mostrada em tom mais frio, distanciado, talvez respeitoso.
Além do Queen, há narrativas interessantes sobre amigos de Mercury, como Elton John, Rick Wakeman e David Bowie.
Definitiva? Não, mas uma leitura bem agradável.
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