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50%
Estados unidos, 2011. Direção de Jonathan Levine. Imagem Filmes. Apenas para locação. Comédia dramática.
Há uma situação quase paradigmática nos melodramas clássicos do cinema mudo, e que, de certa forma, embora transfigurada, se perpetuou ao longo das décadas seguintes. A protagonista feminina, a qual chamaremos de "mocinha", é raptada pelo vilão, que a ata aos trilhos de um trem, ou no alto de uma torre, para que o herói, um galã pleno em seu vigor masculino, a salve das garras do mal e juntos possam viver felizes para sempre.
A indústria cinematográfica, embora sempre em busca de novidades, nunca abre mão de ter à sua disposição atores e atrizes capazes de desempenhar os papéis descritos acima. Galãs e mocinhas, em todas as suas infinitas possibilidades. Recentemente, um jovem ator, que iniciou sua carreira ainda menino em seriados televisivos, surgiu no cenário hollywoodiano como uma alternativa muito saudável à figura do protagonista masculino viril, heroico e infalível, que nunca pareceu tão fora de propósito como nos dias atuais.
Aos 31 anos, Joseph Gordon-Levitt confirma na sensível comédia dramática 50%, indicada ao Globo de Ouro de melhor filme neste ano, mas lançada no Brasil direto em DVD, que é possível ser um galã sem recorrer aos clichês habituais que costumam caracterizar os atores escalados para esse tipo de papel.
No filme, dirigido pelo novato Jonathan Levine, ele vive Adam, um jovem jornalista de rádio de Seattle que descobre estar com uma forma bastante agressiva e rara de câncer na coluna vertebral. Em seu confronto com a doença, ele é forçado a reavaliar sua relação com a namorada, a artista plástica Rachael (Bryce Dallas Howard), que passa por uma fase bastante morna. E a se reaproximar de sua mãe, Diane (Anjelica Huston), uma mulher superprotetora que vive outro drama: cuidar do marido, Richard (Serge Houde), que sofre da doença de Alzheimer.
Como aliados, Adam conta com seu tresloucado melhor amigo Kyle (o ótimo Seth Rogen), que só pensa em mulheres e em se divertir, e Katherine (Anna Kendrick, de Amor sem Escalas), uma psicoterapeuta iniciante designada para acompanhar o pesado tratamento do rapaz, que envolve sessões de quimioterapia que o abatem bastante, mas também lhe possibibilitam fazer amizade com outros pacientes.
Adam é um sujeito tímido e algo idealista ele se recusa a dirigir, outro traço de masculinidade que ele rejeita, porque considera o trânsito violento demais. Pode até ser considerado frágil, mas nunca um fraco. Porque, ao contrário da maior parte dos protagonistas do cinema americano, ele parece disposto a enfrentar seus fantasmas pessoais, suas limitações e suas dores. Tudo diante das câmeras. E é aí que entra o talento de Gordon-Levitt, que tem, na medida certa, os atributos para encarnar esse personagem, que sofre sem parecer patético, com veracidade e carisma. Tanto que sua atuação lhe valeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator (comédia).
Essas qualidades se tornaram evidentes ao grande público, e consequentemente a Hollywood, em (500) Dias com Ela, comédia romântica de Marc Webb elevada à condição de filme cult geracional graças à sua enorme popularidade entre os jovens, sobretudo entre garotos. Seu personagem, Tom, é um rapaz romântico que se apaixona por uma jovem (Zooey Deschanel) descrente no amor, encarnação feminina do don juanismo. Ele tem vários pontos em comum com Adam, como a instrospecção, a vulnerabilidade frente o sexo oposto, que pode ser descrita como carência ou insegurança, mas são bem-vindas em se tratando de personagens masculinos.
Ator-mirim
Joseph Gordon-Levitt provavelmente se tornou um rosto familiar no Brasil como o adolescente alienígena Tommy do seriado 3rd Rock from the Sun, produzido entre 1996 e 2001. Antes, ele já havia integrado o elenco de outra série de sucesso nos EUA, Roseanne (1993-1995).
Foi na produção independente Mistérios da Carne (2005), de Gregg Araki, em que vive um adolescente que sofreu abuso sexual na infância e se torna garoto de programa, que Levitt começou a chamar a atenção como "ator adulto". GGG1/2
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