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O argumento não é exatamente original. Um jovem solitário de 19 anos, com severas dificuldades de socialização, passa a espiar a vizinha de vida amorosa intensa, que mora no prédio em frente. Ele desenvolve, então, uma relação intensa de amor-paixão-fanatismo. Essa é a base sólida de Não Amarás, clássico de Krzysztof Kieslowski, de 1988, exibido nesta quinta-feira na Mostra A Escola de Cinema de Lodz, do FICBIC.

O filme integra a gigante série do diretor chamada O Decálogo e se incorpora num território quase metafísico, das impossibilidades do amor. Espécie de fusão entre Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock, de 1954, com os anseios existencialistas de Jean Paul Sartre, a película leva o voyeurismo para uma região ainda profunda e escura – quando o amor se torna algo quase assustador, com seus aspectos de insanidade e irrealização.

Mais conhecido pela célebre Trilogia das Cores – A Fraternidade É Vermelha, A Igualdade É Branca e A Liberdade É Branca – Kieslowski constrói um panorama de incomunicações e dificuldades de autoentendimento que beira a angústia. Seu tempo espacial de narrativa, pautado por um piano carregado de lamentos e dores, opera em uma ótica incomum no cinema contemporâneo – onde a vida, talvez, talvez não tenha entrada, nem saída. Ou o pior tipo de saída.

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