Programe-se
O Dia em Que Sam Morreu
Guairinha (R. XV de Novembro, 971 Centro), (41) 3304-7982. Dias 3 e 4, às 21h. R$60 e R$30 (meia-entrada). Classificação indicativa: 14 anos.
Vida dura
Sem recursos, grupos independentes cancelam espetáculos
Da Redação, com a colaboração de Victor Hugo Turezo
A falta de recursos é um problema recorrente enfrentado pelas companhias independentes de teatro de outros estados e também o principal motivo para o cancelamento de peças no Festival de Teatro de Curitiba. De acordo com a assessoria de imprensa do Festival, até o dia 29 de março, 32 peças foram canceladas (31 do Fringe e uma da mostra principal).
Sem patrocínio e meios de angariar fundos, elas tentam até o último minuto obter algum tipo de apoio, mas, geralmente, não conseguem providenciar a viagem. Exemplo disso é a companhia Troupe Azimute, que viria de Pernambuco apresentar a peça Bernarda Soledade nos dias 1º, 2 e 3 de abril, no Café Teatro Toucher La Lune. O grupo não conseguiu apoiadores e teve de desistir de participar do evento.
A produtora local responsável pelo Toucher La Lune, Janes Regina, revela que cada companhia vai atrás do próprio patrocínio como pode. "Um grupo de São Paulo, por exemplo, conseguiu apoio de um hotel, faz a divulgação do local e fornece ingressos."
De acordo com Regina, a coordenação do Fringe dá o suporte do espaço em que a companhia irá se exibir e fornece o "Kit Fringe", que inclui equipamentos de som e iluminação, além da divulgação da peça.
Festival Curitiba
Até 13 de abril. Mostra oficial: R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada). Mostra paralela/Fringe: de entrada franca até R$ 60. Consulte a programação da mostra.
Ingressos à venda nos shoppings Mueller, ParkShopping Barigüi e Palladium e por este site.
O Dia em Que Sam Morreu, espetáculo que a Armazém Cia. de Teatro estreia hoje dentro da programação da mostra principal do Festival de Curitiba 2014, pretende levar ao palco do Guairinha uma discussão bastante urgente no mundo contemporâneo: até onde as pessoas podem chegar, na defesa de pontos de vistas profundamente arraigados, ainda que por vezes equivocados, na tentativa de marcar posições? Segundo o diretor da montagem, Paulo de Moraes, a proposta do texto, escrito por ele em parceria com Maurício Arruda Mendonça, surgiu depois de o grupo participar, ano passado, do Festival de Edimburgo, na Escócia, onde foi premiado com a peça A Marca dÁgua (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).
"Queríamos trabalhar a questão do poder, o seu significado para quem o detém, e como esse poder pode interferir nas vidas de outras pessoas." Moraes acrescenta que, embora essa reflexão possa ter ligações com o momento atual no Brasil, trata-se de uma discussão mais ampla, universal, que passa pela ética.
A montagem da Armazém companhia teatral nascida em Londrina e hoje radicada no Rio de Janeiro se passa no interior de um hospital, em cujos corredores seis personagens têm seus caminhos cruzados. A estrutura do espetáculo é construída a partir das perspectivas dessas pessoas, divididas em duplas. As suas vozes, alternadas, conduzem a trama, marcadas por recomeços, nos quais as situações se reconfiguram a partir dessas subjetividades que se contrastam, e se confrontam.
Segundo Moraes, a escolha por um hospital se deu por se tratar de um espaço de poder. Da morte sobre a vida, ou vice-versa. Dentro de uma estrutura organizacional que prima pela assepsia e, teoricamente, por uma ética bastante rígida, mas passível de ser desafiada a qualquer momento. Com frequência, são tomadas decisões sobre quem merece, ou deve receber mais atenção médica e, portanto, ter direito à vida.
Na trama, o personagem do cirurgião-chefe crê ter poder sobre o destino dos pacientes, e tem nas mãos decisões que atingem a sua equipe ele não mede esforços para chegar aonde pretende. Até o dia em que um jovem armado invade o hospital. Nesse momento, duas visões de mundo parecem colidir, a partir de referências e experiências de vida muito diversas, conflitantes.
A dramaturgia desenvolvida pelo Armazém se caracteriza pela investigação do tempo dramático. As histórias costumam ser contadas dentro de uma estrutura na qual o conteúdo costuma estar, orgânica e dialeticamente, ligado à forma.
O Dia em Que Sam Morreu faz a estreia nacional no Festival de Curitiba, segue para o Rio de Janeiro, e parte para os Festivais de Avignon (França) e Edimburgo.
Cariocas trazem experimentos e peça premiada
Helena Carnieri
Conhecida do público curitibano de outros festivais, a carioca Cia. dos Atores, que completa 25 anos, apresenta a partir de hoje no Sesc da Esquina dois espetáculos experimentais e outro, premiado, mais político e baseado em diálogos.
LaborAtorial e Como Estou Hoje, que estreiam às 19 horas e 21h30, respectivamente, são monólogos que usam formas e apelos sensoriais diferentes. O primeiro, com atuação de Marcelo Valle, usa projeções e outras tecnologias para abordar hábitos e valores contemporâneos tudo a partir da vida do ator e de suas reflexões. Noções científicas e uma atmosfera futurista contribuem para a introspecção.
Já Como Estou Hoje é um solo baseado na ação física, com muito movimento na coreografia de Marcelo Olinto, com texto e direção do coreógrafo João Saldanha. O espetáculo fala das artes e de moda, manifestando também inquietações contemporâneas.
Uma das peças mais aguardadas desta mostra principal, Conselho de Classe (ingressos esgotados) traz cinco atores (homens) na pele de professores e professoras da rede pública do Rio de Janeiro. O espetáculo recebeu o Prêmio Shell-RJ pelo cenário de Aurora dos Campos. Aqui se faz presente a linguagem da companhia, baseada em improvisações e no equilíbrio entre drama e humor.
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