Perfil
Saiba mais sobre a escritora e cineasta Rebecca Miller
- Ela nasceu no dia 15 de setembro de 1962, na cidade de Roxbury, no estado americano de Connecticut.
- É filha do dramaturgo Arthur Miller (1915-2005), autor de peças como Morte de um Caixeiro Viajante e As Bruxas de Salem.
- Miller, o pai, foi casado com a atriz Marilyn Monroe.
- Entre 1988 e 1994, Rebecca trabalhou como atriz em nove produções e não gostou da experiência.
- Durante a adaptação de As Bruxas de Salem para o cinema roteirizado pelo próprio Miller , Rebecca conheceu o seu marido, o ator Daniel Day-Lewis (1996). Os dois se casaram em 1996 e têm dois filhos.
- Ela escreveu e dirigiu Angela (1995), O Tempo de Cada Um (2002), A Balada de Jack e Rose (2005) e A Vida Íntima de Pippa Lee (2009).
- Como roteirista, fez A Prova (2005), estrelado por Anthony Hopkins e Gwyneth Paltrow.
Pippa Lee tem cerca de 50 anos. É casada há mais de três décadas com um homem mais velho, Herb Lee. Octogenário, ele decide deixar a cidade para morar no subúrbio, numa comunidade de idosos. Pippa o acompanha e assim tem início uma das maiores crises de sua vida. Na verdade, a segunda, como é mostrado em A Vida Íntima de Pippa Lee.
Ela não suporta a velhice e parece agir como se estivesse apenas esperando a morte do marido, um editor admirado integrante de um círculo social intenso. Plácida e carinhosa, todos à volta de Pippa desconfiam que ela tem a vida perfeita, ou esconde muito bem as angústias e insatisfações.
Lá pela metade da história, ela tenta consolar a amiga Moira, que não vê futuro no seu relacionamento atual, mas tem medo de ficar sozinha e solteira.
Se o problema é esse, diz Pippa, ela pode arranjar um marido a hora que quiser e dá exemplos analisando os homens em volta com comentários sexuais toscos. É quando Moira reclama da falta de romantismo da amiga.
"Namoro é romântico. Casamento... é um ato de vontade", diz Pippa. "O amor vem e vai com a brisa, minuto após minuto." As frases dizem tudo o que é preciso saber sobre a personagem sobre a maneira como ela pensa e servem de base para este que é o primeiro romance da cineasta e roteirista Rebecca Miller.
Da metade em diante, a narrativa volta ao passado para contar episódios da infância e da adolescência de Pippa. Mostra a relação complicada que tinha com a mãe, Suki, e o convívio familiar com o pai pastor e os quatro irmãos. Suky queria ser perfeita para os filhos e conduzia a casa com energia impressionante. Mais tarde, Pippa descobre que a mãe era viciada em anfetaminas.
Sem se importar muito com os meninos, Suky era devotada à única filha e adorava vesti-la e mimá-la. Sempre que estava triste, Pippa buscava consolo com a mãe. Mesmo depois de a filha crescer e deixar de mamar, Suky manteve guardada uma mamadeira e a usava quando era procurada para dar colo. Na última vez que mamou com a mãe, Pippa tinha 16 anos.
Como era de se esperar, o rompimento das duas foi brutal para ambas. O fato que desencadeou o processo talvez tenha sido o romance (sem sexo) que a adolescente teve com o professor de matemática. De uma hora para outra, a filha decidiu sair de casa e abandonar os estudos. Passou a morar de favor na casa de conhecidos, trabalhar de atendente em lojas e frequentar festas do meio intelectual e artístico de Nova York. Numa dessas reuniões, ela conheceu Herb casado à época e nenhum deles disfarçou o interesse.
Rebecca Miller opta por omitir detalhes do tempo que Pippa passou casada com Herb. A impressão é de que se casou, teve filhos (Ben e Grace) e passou anos dedicada à vida familiar, sem sobressaltos.
Os problemas surgem no ocaso de Herb. Levada a se mudar para uma pequena cidade de idosos, ela se sente deslocada e encontra refúgio em Chris, o filho estranho de sua vizinha. O homem, de 30 e tantos anos, foi abandonado pela mulher, perdeu o emprego e voltou a viver com os pais.
Pippa Lee sempre teve o controle de sua vida. As decisões que tomou e os esforços que fez foram para desempenhar os papéis que esperavam dela: mulher, mãe e amiga. Com os filhos adultos e o marido admitindo o fim de um ciclo, ela é surpreendida por seus desejos e medos. Sente-se aprisionada e um tanto perdida. Começa a sofrer de sonambulismo, saindo de casa de carro para acordar de pijama no meio de uma loja de conveniências em busca de cigarros (que parou de fumar há décadas). Mas, com a mesma placidez que a caracteriza, não demora para pensar numa forma de se libertar.
Filmes
No cinema, Pippa é vivida por Robin Wright Penn (Intrigas de Estado) e Chris, interpretado por Keanu Reeves (Matrix). Rebecca dirigiu outros três filmes, incluindo A Balada de Jack e Rose (2005), estrelado por seu marido, Daniel Day-Lewis. E escreveu ainda o roteiro do drama A Prova (2005), sobre a filha de um matemático massacrada pela herança intelectual do pai. A adaptação de A Vida Íntima de Pippa Lee está em cartaz nos cinemas paulistanos e não tem data para chegar a Curitiba. GGG
Serviço
A Vida Íntima de Pippa Lee, de Rebecca Miller. Record, 288 págs., R$ 44,90.