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 | Juan Esteves/Divulgação
| Foto: Juan Esteves/Divulgação

Workshop

Photoshop Orgânico – Projetos com Técnicas Alternativas em Laboratório P&B

Escola Portfólio (R. Alberto Folloni, 634 – Ahú), (41) 3252-2540. Dias 4 e 5 de maio, das 9 às 12 horas e das 14 às 18 horas. Vagas limitadas. Mais informações no site www.escolaportfolio.com.br

  • Eustáquio Neves (imagem à esq.) levou um ano para produzir as fotografias da série Futebol

O ato de fotografar nos últimos anos se popularizou com o advento das câmeras digitais e celulares com capacidade para registrar imagens. Hoje, qualquer pessoa é um potencial fotógrafo. O que diferencia um amador de alguém que vive da fotografia, afinal? A técnica mais apurada, diriam alguns. Os equipamentos, alegariam outros. As duas respostas estão corretas e se complementam, mas em tempos de Instagram e programas de manipulação de imagens em computadores, o estilo faz a real diferença na concepção de uma fotografia.

Um desses artistas por trás das lentes é o mineiro Eustáquio Neves. Com cerca de 30 anos de carreira, Neves tem um estilo reconhecido no país e no exterior, que consiste na manipulação de negativos para alcançar fotos com formas menos convencionais.

Formado em química, Neves afirma que o fim da produção de filmes fotográficos "incentiva novas pesquisas". O fotógrafo, que ministra em Curitiba o workshop Photoshop Orgânico – Pro­jetos com Técnicas Alter­nativas em Laboratório P&B, nos dias 4 e 5 de maio, na Escola Portfólio, conversou com a Gazeta do Povo sobre sua carreira e o momento da fotografia.

A sua formação é em química. Como surgiu o interesse pela fotografia?

Surgiu da mesma forma que o meu interesse por química, por gostar de experimentos. Três anos depois de formado, trabalhando como químico em uma indústria de mineração e tendo a fotografia para preencher os espaços ociosos em um lugar com poucas opções, a fotografia acabou ocupando de vez o lugar do químico.

O senhor desenvolveu uma técnica utilizando seu conhecimento em química para trabalhar os negativos após a revelação. Como o senhor chegou à ideia? Fale um pouco da sua técnica.

Nas minhas pesquisas para resolver alguma ideia fotográfica, eu fui sistematizando alguns processos que surgiam por pesquisas ou por acaso. Conhecer química claro que ajuda, mas não sei se isso importa tanto. Importa-me muito os processos de maneira mais orgânica, ou seja, mão na massa. O meu processo em si é manipulação de negativos e cópias de uma forma menos convencional.

Com a diminuição da oferta de filmes fotográficos no mercado, quais as dificuldades que o senhor enfrenta para conseguir o material?

Hoje o meu maior problema são as normas alfandegárias que proíbem você carregar químicos de uma fronteira para outra. As saídas do mercado dos produtos da Polaroid e dos filmes Kodalith também fizeram uma diferença, mas ainda dá para se virar. De certa forma, isso nos incentiva novas pesquisas.

Já se rendeu à fotografia digital?

Há muito tempo meus processos são analógicos, mas as saídas [cópias] para as tiragens de cada série são digitais. Para cada série são gerados três originais [os vintages]. Vendo um e os outros dois ficam no meu acervo. Faço alguns vídeos, que apesar de passarem por processos analógicos na captação de imagens, são finalizados em digital.

A sua obra se remete à memória e às questões raciais e sociais. Por que esses temas são tão presentes no seu trabalho?

Sobre a questão do negro, pode se dizer que o meu trabalho é autobiográfico por conta das minhas origens. Sobre as questões sociais, essas estão a todo tempo nos rondando e eu acho difícil não me incomodar.

Fale um pouco de um dos seus ensaios mais conhecidos: Futebol. Quanto tempo levou para produzir a série? Onde as fotos foram tiradas?

Todos os meus ensaios são bem conhecidos, mas os que me projetaram, principalmente internacionalmente, foram Arturos e Caos Urbano, ou seja, os dois primeiros, ambos feitos em Belo Horizonte. A série Futebol fiz durante um ano, entre a escolha dos lugares [pesquisa de campo], horários, ganhar a confiança da galera que jogava nestes lugares na periferia da cidade etc.

Está trabalhando em algum projeto novo?

Estou trabalhando em dois projetos que, por enquanto, eu chamo, respectivamente, de Imagens Profanas e Conexões. Por enquanto, são só pesquisas e captação de imagens, mas nada concluído ainda.

Qual a sua expectativa para o curso em Curitiba?

São as melhores. Existe em Curitiba um público muito interessado e apaixonado pela fotografia. Pela experiência que tive nas duas outras vezes que estive na cidade, vai ser uma troca muito rica.

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