O francês Vincent Cassel vive o frade capuchinho Ambrosio, dividido entre a vocação e a tentação| Foto: Divulgação
Lançamento: O Monge. França/Espanha, 2012. Direção de Dominick Moll. Califórnia Filmes. 101 minutos. Drama. Locação

Na Madri do século 17, o pequeno Ambrosio é abandonado na escadaria de um monastério de frades capuchinhos, que o educam dentro das rígidas normas da ordem. Já adulto, interpretado pelo ator francês Vincent Cassel (de Cisne Negro), ele se torna um talentoso e carismático pregador, cujos sermões atraem um grande número de fiéis, que o veneram por suas palavras inspiradoras e por seu arrebatamento fervoroso.

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Admirado pelo rigor e pela disciplina com que conduz a sua vida monástica, Ambrosio julga estar salvo de qualquer tentação, mas suas certezas se veem profundamente abaladas com a chegada de um visitante, na verdade um novo integrante da congregação, que se revela a encarnação de tudo aquilo que se deve evitar, que poderá afastá-lo do caminho da fé e aproximá-lo da escuridão da dúvida tanto a respeito de sua vocação quanto de sua própria fé.

Trata-se de Valério, vítima de um acidente que usa uma máscara para proteger o rosto mutilado e guarda um mistério que não cabe aqui revelar. Após sua chegada, acontecimentos estranhos, muitos relacionados à sua origem, começam a se desenrolar em torno de Ambrosio.

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Adaptação do conto homônimo de Matthew G. Lewis, O Monge, que chega agora às locadoras depois de ter sido exibido no Festival Varilux de Cinema Francês, trata de temas polêmicos, como a rigidez e a crueldade recorrentes dentro das instituições religiosas, a castidade e o incesto. Assinado pelo cineasta alemão Dominik Moll, diretor do intrigante Harry Chegou para Ajudar (2000), O Monge tem a seu favor uma cuidadosa reconstituição de época, com esmerados figurinos e direção de arte.

Também envolve o espectador graças a uma bem construída atmosfera de mistério, que tem a ver tanto com a origem do visitante que faz descarrilar a vida de Ambrosio até a própria personalidade ambígua do protagonista, cuja virtude e abnegação sempre deixam no ar uma certa dúvida. Essa ambiguidade é enfatizada pela interpretação nuançada de Cassel, um dos grandes atores franceses de sua geração e que sempre traz várias camadas a seus personagens.

O que compromete um pouco o filme é mesmo a história, que se perde ao escorregar, em seu terço final, à tentação de oferecer ao público um desfecho algo "espetaculoso" e superficial, mais próximo do sobrenatural do que do suspense psicológico que parecia dar o tom à primeira metade do longa. GG1/2