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 | Chico Nogueira/Divulgação
| Foto: Chico Nogueira/Divulgação

Diz-se que o leitor e o espectador completam a obra que estão fruindo com sua imaginação – um acréscimo necessário do início ao fim de Cronópios da Cosmopista – Um Antimusical Psicodélico. O espetáculo, baseado na obra do escritor argentino Julio Cortázar (1914-1984), ficou em cartaz no Teatro Novelas Curitibanas até o último domingo, e terá novas apresentações dias 25 e 26 de outubro, no Sesi Portão.

Novo experimento do diretor Rafael Camargo com a "estética da inação", após montar Buraco da Fechadura e Vidas Paralelas, a peça exige do público alta concentração, algo em desuso na era da múltipla atividade. Também requer da plateia que entre no jogo teatral a partir do quadro visual único no palco e das palavras oferecidas por três atores instalados em nichos de madeira que se movem muito pouco – recursos que excluem a usual e esperada ação e a interação entre os atores.

Diego Marchioro, Cristiane de Macedo e o próprio Camargo permanecem quase estáticos sobre signos fortes: uma longa canoa, atracada longe da água; um ninho gigante e sapatos de pedra, que não irão a lugar algum. A ligação desses elementos com o que é dito, é claro, fica a cargo do espectador – há tempos ele não trabalhava tanto!

O texto, escrito por Camargo a partir de diversos livros e contos de Cortázar (como Bestiário, Histórias de Cronópios e de Famas e seu tocante Autonautas da Cosmopista) simula monólogos individuais, ligados pela atmosfera poética que emana das palavras.

É preciso aceitar esse clima – que alguns espectadores definiram como "meditação" – para aproveitar as histórias e reflexões. E completá-las, com a compreensão própria de cada um, de forma que o espetáculo poderá ser muito diferente dependendo de quem assiste.

"Tentamos ativar um movimento interno que motivasse as pessoas a prestar atenção", explica o diretor.

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