A Estação Saint-Lazare (1877), de Monet, é uma das obras mais icônicas do acervo| Foto: Reprodução

Exposição

Impressionismo: Paris e a Modernidade

Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo (R. Álvares Penteado, 112, Centro), (11) 3393-8615. De terça-feira a domingo, das 10 às 22 horas. Entrada franca. Até 7 de outubro.

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Itinerância

Obras dos impressionistas não virão a Curitiba

Isadora Rupp

Apesar das especulações e da torcida do público, Curitiba não receberá os 85 quadros de Impressionismo: Paris e a Modernidade – Obras-Primas do Museu d´Orsay, em cartaz em São Paulo até 7 de outubro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), e que depois segue para temporada no Rio de Janeiro. O Museu Oscar Niemeyer (MON) chegou a fazer uma solicitação para a empresa que cuida da logística da exposição, a Expomus, para estender a mostra para o eixo sul, mas teve o pedido negado.

"O problema é que a exposição foi pensada e elaborada somente para dois polos do CCBB. Essa negociação com o Brasil já vem de algum tempo e as obras têm um período determinado para ficar fora do lugar de origem", explica a coordenadora de planejamento cultural do MON, Sandra Fogagnoli. De acordo com a diretora Expomus, Maria Ignez Mantovani Franco, a agenda foi definida previamente, e não pode ser alterada. Depois do Brasil, as obras seguirão para a Fundación Mapfre, em Madri. O CCBB também confirmou que não haverá itinerância para outras unidades, como Brasília.

Parceria

O MON vem trabalhando para firmar uma ligação com o CCBB, já que não há nenhuma unidade no sul do Brasil. "A conversa está sendo feita desde o início da nossa gestão", diz Sandra. Dessa forma, Curitiba entraria no eixo das exposições internacionais, como a dos impressionistas e de outros grandes projetos trazidos pelo CCBB, como O Mundo Mágico de Escher, por exemplo. "O MON está dentro das normas internacionais museológicas. Temos todos os requisitos para abraçar exposições deste porte", salienta a coordenadora. Caso seja firmado o convênio MON-CCBB haveria possibilidade de, no futuro, elaborar um novo projeto para trazer as obras impressionistas a Curitiba.

O Salão de Dança em Arles (1888) foi pintado dois anos antes da morte de Van Gogh

No século 19, Paris não tinha apenas uma "luz maravilhosa", mas uma "vida frenética" propícia para atrair artistas de todos os tipos. A cidade e sua sociedade tornaram-se tema de pinturas. "Ruas e pontes animados por um movimento incessante, jardins públicos, vibrantes mercados cobertos e a céu aberto, retraçados sob o céu cinza, bem como grandes lojas e vitrines, iluminadas a gás ou eletricidade, estações de trem, cafés, teatros e circos, corridas, sem falar dos bailes e noitadas mundanas", diz a curadora-chefe do Museu d’Orsay de Paris, Caroline Mathieu, revelando o espírito de um momento no qual os pintores também avançaram para os arredores de Paris, levados pelo ensejo de pintar outras luzes.

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É com esse resumo rápido que a curadora define o percurso da mostra Impressionismo: Paris e a Modernidade – Obras-Primas do Acervo do Museu d’Orsay, inaugurada no último sábado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo.

Uma das principais exposições do ano, reúne 85 pinturas pertencentes à coleção de um dos mais importantes museus franceses, repleto, em seu acervo histórico, de obras criadas na passagem entre os séculos 19 e 20 por artistas como Edouard Manet, Claude Monet, Paul Gauguin, Van Gogh, Paul Cézanne, Edgar Degas e Auguste Renoir.

Não à toa, o primeiro final de semana da mostra recebeu mais de 10 mil pessoas, que se acumularam em filas com duração de mais de 3 horas.

Orçada em R$ 10,9 milhões (incluindo o seguro das telas), Impressionismo: Paris e a Modernidade traz uma seleção de obras do d’Orsay feita especialmente para o Brasil, parte de um projeto de internacionalização da instituição. "Todos os movimentos do século 19 estão aqui", diz Caroline, que trabalha no museu desde 1980. "O Pífano (1866), de Manet, é uma das obras mais icônicas do acervo, assim como A Estação Saint-Lazare (1877), de Monet, e O Salão de Dança em Arles (1888), de Van Gogh", destaca a curadora sobre as telas da exposição que, depois de São Paulo, vai ser exibida no CCBB do Rio de Janeiro – de 22 de outubro a 13 de janeiro de 2013 –, seguindo ainda para Fundação Mapfre de Madri, também organizadora da mostra. O Museu Oscar Niemeyer tentou negociar a vinda da exposição a Curitiba, que não acontecerá por motivos de agenda (leia mais na matéria ao lado).

Como conta Marcos Mantoan, diretor do CCBB de São Paulo, a exposição vem sendo preparada desde novembro do ano passado. Espera-se que seja vista por 600 mil pessoas – e, para tanto, a instituição vai estender seu período de funcionamento (a partir de setembro, o prédio ficará aberto até as 23 horas). Mais ainda, o CCBB transformou seu quarto andar, antes destinado a escritórios administrativos, em um espaço expositivo generoso. As telas do d’Orsay, assim, ocupam o edifício desde seu subsolo.

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Seleção

A mostra tem um trajeto simples. A seleção de obras do museu foi realizada a partir de segmentos temáticos abrangentes – afinal, o principal é ter a oportunidade de topar, a cada sala, com tesouros da história da pintura, criados numa variedade de estilos.

Em A Vida Parisiense e Seus Atores estão autorretratos e retratos de pintores – como os de Gustave Courbet, autor do período que antecede o Impressionismo, momento também muito presente na exposição, e de Paul Cézanne, que se autorretratou com fundo rosa. O segmento exibe ainda telas que apresentam membros da burguesia ("austeras ou elegantes", descreve Caroline) e personagens da vida cotidiana parisiense do século 19 – destaque para o conjunto de pinturas de Renoir e o vermelho intenso de Retrato de Fernand Halphen (1880).

Já Paris: A Cidade Moderna concentra paisagens da capital francesa – sem faltar a menção a ícones como Notre-Dame e o Rio Sena – e Fugir da Cidade traz as criações que revelam a busca dos artistas por novos arredores – Monet pinta Argenteuil; Gauguin, a Bretanha (antes de partir para sua aventura ao Taiti). Interiores, como na diminuta pintura de Edouard Vuillard, ou naturezas-mortas também poderiam ser citadas para exemplificar a importância da mostra.