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Não é novidade que a expansão de grandes redes exibidoras pelos shopping centers, a partir da segunda metade da década de 90, provocou um esvaziamento dos cinemas de rua em Curitiba. O último que ainda opera comercialmente na cidade é o Cine Plaza. A sala hoje enfrenta a concorrência difícil dos multiplexes e uma sucessão de problemas administrativos e financeiros, que colocam o espaço em um dos momentos mais negros de sua história de 42 anos.

O cinema tem dívidas contraídas com companhias de fornecimento de luz, água e telefonia. Os funcionários da casa, que recebem R$ 15,10 ao dia, utilizam um orelhão em frente ao cinema para fazer ligações. A linha do cinema foi cortada depois que uma volumosa conta, acumulada no decorrer do Festival de Cinema, Vídeo e DCine de Curitiba em novembro de 2005, deixou de ser paga.

Os débitos mais graves são junto às distribuidoras de filmes. No decorrer do ano passado, as cópias cedidas não foram pagas. O nome sujo na praça reduziu as chances do cinema na disputa pela atenção dos distribuidores. Hoje, o Plaza está exibindo Nanny Mcphee – A Babá Encantada e Doom – A Porta do Inferno, títulos que estão em cartaz em rodízio de horários há pelo menos dois meses. A programação inalterada afastou o público da sala, o que restringe ainda mais o interesse das distribuidoras em oferecer seus títulos pelo Plaza.

A propriedade do edifício que abriga o cinema é da Associação de Servidores Públicos do Paraná (ASPP), que cede a administração do espaço para terceiros, por contrato de arrendamento. Uma nova gestão assumiu o espaço no início de dezembro de 2005. A intenção da nova gerência é diversificar a agenda da sala, tornando a apta para receber peças de teatro, apresentações musicais e projeções de filmes. No entanto, de acordo com informações obtidas pelo Caderno G, uma série de problemas envolvendo a administração prévia (Cinegeral Filmes e Produtos Cinematográficos Ltda.) do cinema e a ASPP está dificultando qualquer ação no espaço.

No final de março, a ASPP divulgou um comunicado isentando-se de "qualquer catástrofe que venha a ocorrer no imóvel, que cause danos graves e irreparáveis a terceiros, em virtude da falta de manutenção do prédio". A atual administração nega que a edificação represente qualquer risco para os usuários. A construção é classificada como patrimônio histórico, tombado pela Prefeitura de Curitiba e pelo Governo do Paraná. O tombamento proíbe que o edifício seja derrubado ou que suas características originais sejam alteradas.

A única tentativa independente de ajudar o cinema está sendo feita pela Cooperativa Cinematográfica Photon Filmes. Ela organiza o projeto Me Mostra, que pretende criar um circuito freqüentador e consumidor de cinema paranaense em Curitiba. O projeto realiza sessões no Plaza todas as últimas segundas-feiras do mês. Na última exibição, compareceram perto de cem pessoas. Resta ver se mais alguém, entre os proprietários, gerentes, usuários e o poder público começará a se importar com o destino da sala.

Serviço:

Projeto Me Mostra: www.memostra.com.br

ASPP: www.aspp.com.br

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