Nomes
Autores africanos
J. M. Coetzee (África do Sul), de Homem Lento
Nadine Gordimer (África do Sul), de De Volta à Vida
Ishmael Beah (Serra Leoa), de Muito Longe de Casa
José Eduardo Agualusa (Angola), de As Mulheres de Meu Pai (substitui o ganês William Boyd, que cancelou sua vinda)
Mia Couto (Moçambique), de Terra Sonâmbula
Ahdaf Soueif (Egito), de O Mapa do Amor
Autores latinos
Guillermo Arriaga (México), de Um Doce Aroma de Morte
César Aira (Argentina), de Pequeno Manual de Procedimentos
Alan Pauls (Argentina), de O Passado
Rodrigo Frésan (Argentina), de Jardins de Kensington
Ignacio Padilla (México), de Amphytrion
Outros estrangeiros
Amós Oz (Israel), de A Caixa Preta
Dennis Lehane (EUA), de Coronado
Jim Dodge (EUA), de Fup
Kiran Desai (Índia), de O Legado da Perda
Lawrence Wright (EUA), de O Vulto das Torres A Al-Qaeda e o Caminho Até o 11/9
Robert Fisk (Inglaterra), de A Grande Guerra pela Civilização A Conquista do Oriente Médio
Will Self (Inglaterra), de Grandes Símios.
A 5.ª edição da Festa Literária Internacional de Parati (Flip) começa na próxima quarta-feira, às 21 horas, com uma homenagem a Nelson Rodrigues (1912 1980) e um espetáculo do pianista João Donato com a Orquestra Imperial.
Na manhã de quinta-feira, acontece a primeira das 21 mesas que embalam o evento até a noite de domingo, quando vários autores participam do desfecho já tradicional, lendo trechos de seus livros de estimação.
São 40 participantes do Brasil (22) e de fora (18), dispostos a falar sobre temas tão diversos quanto a poesia transformada em versos de música e as ligações possíveis (e impossíveis) entre a ficção e o ensaio.
Mesmo sendo difícil identificar uma única tendência nas discussões planejadas para a Flip 2007, pode-se supor que temas ligados à África e à América Latina devem aparecer direta e indiretamente em pelo menos metade da programação.
Dos 18 nomes estrangeiros, seis são africanos e cinco, latino-americanos sem contar os brasileiros. Se os mais esperados forem também os mais premiados, as atenções devem se concentrar nos nóbeis J. M. Coetzee e Nadine Gordimer, ambos da África do Sul, e no israelense Amós Oz, vencedor do Prêmio Príncipe das Astúrias de Letras 2007, divulgado na última quarta-feira. Há ainda Lawrence Wright, que levou o Pulitzer 2007 por O Vulto das Torres A Al-Qaeda e o Caminho Até o 11/9.
Oz, de De Repente, nas Profundezas do Bosque, conversa com Gordimer, que lança De Volta à Vida, sobre o significado da literatura em nações marcadas pela violência de disputas históricas, religiosas e raciais.
O jornalista Wright conversa com o seu colega de profissão Robert Fisk, do diário britânico The Independent, sobre textos produzidos sob a pressão de conflitos armados. Fisk teve o seu tratado de 1,5 mil páginas, A Grande Guerra pela Civilização A Conquista do Oriente Médio, recém-publicado no país. Como as experiências de ambos estão ligadas ao mundo dos terroristas e fundamentalistas islâmicos, é provável que a discussão enfoque a Guerra do Iraque, suas causas e conseqüências.
Coetzee não é o tipo de escritor que aprecia eventos literários. Ele prefere ficar em sua casa na Austrália e não ser incomodado. Quando calha de aceitar um convite como o da Flip o que não é, de forma alguma, corriqueiro , ele não é o tipo de escritor que vai falar sobre sua obra.
Em príncipio, o autor de Desonra, falaria sobre o irlandês Samuel Beckett (1906 1989), alvo de um dos ensaios de seu livro mais recente, Inner Workings: Literary Essays 2000 2005 (em tradução em português). Mas mudou de idéia. Agora, deve ler em primeira mão trechos do romance inédito Diário de um Ano Ruim. Uma regalia para a Flip.
Aproveitando a vinda de Coetzee, a Companhia das Letras lançou Homem Lento na semana passada. O livro, de 2005, abre com a descrição genial do choque entre um carro e uma bicicleta, narrado do ponto de vista do ciclista, o sexagenário Paul Rayment.
"O choque o colhe pela direita, duro, surpreendente e doloroso, como uma faísca elétrica, e levanta seu corpo da bicicleta." É uma primeira frase antológica. Logo após o acidente, Rayment é informado que vai perder a perna direita, que precisa ser amputada acima do joelho dilacerado.
Divorciado, sem filhos e sem familiares próximos, ele contrata uma enfermeira croata e não consegue evitar se apaixonar por ela. Até este ponto da história, o leitor entra em contato com detalhes sobre a recuperação de um amputado, da higiene à fisioterapia. Então, do nada, Elizabeth Costello, o alter ego ficcional de Coetzee, surge na porta de Rayment para passar uns dias com o personagem e decidir que rumo dar à narrativa.