Lupita Nyong’o, Michael Fassbender e Chiwetel Ejiofor: relações de crueldade física e emocional| Foto: Divulgação

Drama

12 Anos de Escravidão

(12 Years a Slave, Estados Unidos/Reino Unido. 2014). Direção de Steve McQueen. Com Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender e Lupita Nyong’o. Buena Vista. 134 min. Classificação indicativa: 14 anos. Locação e venda. Preço médio: R$ 39,90. Drama.

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O Oscar de melhor filme concedido a 12 Anos de Escravidão, no último mês de março, foi além do reconhecimento das inegáveis qualidades estéticas e técnicas do drama histórico dirigido pelo cineasta britânico Steve McQueen. Recém-lançado no Brasil em DVD, o longa-metragem, adaptação do livro autobiográfico de Solomon Northup, homem livre que foi raptado e vendido como escravo no sul dos Estados Unidos em 1841, ganhou um peso sobretudo político ao longo dos meses que antecederam a cerimônia de entrega dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

12 Anos de Escravidão alcançou status de filme "relevante", e até mesmo indispensável, na medida em que foi acolhido com entusiasmo por boa parte da crítica nos EUA, mas, sobretudo, quando o governo de Barack Obama anunciou que tanto a obra de Northup quanto o longa de McQueen seriam distribuídos em todas as escolas públicas norte-americanas, como instrumentos didáticos no ensino de História dos EUA, com o objetivo de suscitar tanto o interesse das novas gerações quanto o debate sobre a escravidão no país.

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Independentemente desses fatores, que de certa forma talvez até impeçam uma apreciação mais estética do longa de McQueen, 12 Anos de Escravidão é, de fato, um drama poderoso, que como poucos filmes norte-americanos abordam o flagelo vivido pelos afro-americanos no período que antecedeu a Guerra Civil, que se estendeu de 1861 a 1865 e culminou com a libertação dos negros.

Incômodo

Menos ousado do ponto de vista formal do que os filmes anteriores de McQueen, Fome (2008) e Shame (2011), 12 Anos de Escravidão acerta ao não se render à tentação do melodrama, que o banalizaria talvez, optando por uma narrativa que mais incomoda do que exatamente emociona, por conta da crueza com que o roteiro de John Ridley, também vencedor do Oscar, descreve os horrores vividos pelos personagens.

Um dos grandes trunfos da produção é a personagem Patsey, que deu à jovem atriz de origem queniana Lupita Nyong’o a estatueta de melhor atriz coadjuvante, merecidíssima. É ela, até mais do que Solomon (Chiwetel Ejiofor, excelente), o centro nevrálgico da narrativa: uma jovem escrava que, objeto da obsessão do seu proprietário, Edwin Epps (Michael Fassbender, de Shame), se torna vítima de toda sorte de crueldades, tanto físicas quanto emocionais, diante da impotência de Northup, que até tenta ajudá-la, mas também está submetido à crueldade e aos desvarios do mesmo senhor.

Patty personifica o absurdo indefensável que foi a escravidão e é a essência do filme: a cena em que implora a Solomon que, por favor a mate – e dê fim ao seu calvário –, assombra e segue pulsando na cabeça do espectador horas depois do desfecho algo redentor da história. GGGG

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