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Ryan Gosling brilha como Stephen Myers, assessor de imprensa de um pré-candidato à Presidência dos EUA, vivido por Clooney, que também dirige o filme | Divulgação
Ryan Gosling brilha como Stephen Myers, assessor de imprensa de um pré-candidato à Presidência dos EUA, vivido por Clooney, que também dirige o filme| Foto: Divulgação

Tudo pelo Poder pertence a um gênero de filmes que costuma afugentar um pouco quem busca no cinema apenas entretenimento ligeiro: é um drama político para adultos. Mas está longe de ser aborrecido ou hermético. O novo longa-metragem dirigido por George Clooney, a exemplo do que ele já havia conseguido fazer com o ótimo Boa Noite e Boa Sorte, traz uma história envolvente e provocativa, sobretudo porque, apesar de se passar nos Estados Unidos, faz pensar sobre a realidade que nos cerca.

A trama revela os intrincados bastidores da eleição primária que irá escolher o candidato democrata à Casa Branca e tem como personagem central Stephen Myers (o excelente Ryan Gosling), integrante da equipe de comunicação, liderada pelo ardiloso Paul (Phillip Seymour Hoffman), do governador Mike Morris (George Clooney), um político relativamente novato com grandes chances de ser o escolhido, graças ao seu estilo liberal. Seu concorrente, o senador Pullman (Henry Mantell), apesar de experiente, é visto como conservador e tem menos apelo junto aos eleitores mais jovens.

Tudo parece estar indo bem, com o vento soprando a favor de Morris, até a concorrida prévia no estado de Ohio, considerada decisiva: quem vencê-la tem fortes chances de disputar a eleição presidencial pelos democratas. E Myers, aos 30 anos, é visto como um articulador cheio de promessa até cair em uma armadilha, que desencadeia uma sucessão de imprevistos desastrosos que, eventualmente, chegam à vida pessoal de Morris, podendo custar o futuro político do governador.

Forte candidato neste ano ao Oscar de melhor ator por Os Descendentes, longa ainda inédito de Alexander Payne, George Clooney também reafirma em Tudo pelo Poder seu talento por trás das câmeras – a produção está indicada a quatro Globos de Ouro: melhor filme (drama), ator (Gosling), direção e roteiro. Todas bastante merecidas.

Painel perturbador

Com economia, sobriedade e elegância estética, Clooney constrói um painel perturbador do jogo de forças na política norte-americana, no qual nem sempre bastam propostas sólidas e bem-intencionadas, se houver o risco de o candidato contrariar o que se espera de um líder, que com frequência é bem mais do que competência e honestidade. Sem resvalar no maniqueísmo, o filme mostra que, diante das circunstâncias, muitos valores fundamentais acabam caindo por terra em nome da preservação de uma imagem, ainda que falsa. GGGG

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