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Adriana ficou por dois anos afastada do violão em decorrência de uma lesão na mão direita | Leo Aversa / Divulgação
Adriana ficou por dois anos afastada do violão em decorrência de uma lesão na mão direita| Foto: Leo Aversa / Divulgação

CD e DVD

Olhos de Onda

Adriana Calcanhotto. Sony Music. Preço médio: R$ 19,90 (CD) e R$ 29,90 (DVD). MPB.

Quando a Culturgest, teatro em Lisboa, completou, em 2013, 20 anos, foi programada uma série de espetáculos comemorativos. O intuito era trazer de novo a seu palco atrações que haviam marcado a história da casa, uma das mais importantes de Portugal. Adriana Calcanhotto foi uma das convidadas, e se apresentou no mês de abril do ano passado.

À época, a cantora e compositora gaúcha, já recuperada de uma lesão na mão direita, que a impediu de tocar violão por dois anos, estava em processo de reaproximação do instrumento. O convite para as apresentações em Lisboa, que acabaram se desdobrando em uma turnê, lhe pareceu a ocasião ideal para consolidar esse reencontro.

Mas como a ideia era ofertar aos portugueses um espetáculo que sintetizasse sua carreira, iniciada nos anos 1980 em Porto Alegre, cidade natal de Adriana, a artista se viu na obrigação de reaprender a tocar no violão canções que já havia interpretado inúmeras vezes, e talvez nem tivesse tanto interesse em revisitar. Mas que, de alguma forma, tiveram de ser descobertas de novo. "Eu havia desaprendido a tocá-las. Meu cérebro havia esquecido delas", contou, em entrevista à Gazeta do Povo.

Entre as canções que entraram para o repertório do show, e tiveram de ser "reaprendidas" pela cantora, estão sucessos como "Esquadros", "Vambora" e "Metade", todas de sua autoria. Essas e outras músicas estão presentes em Olhos de Onda, registro em CD e DVD desse show que nasceu em Portugal, mas foi gravado ao vivo, em 1.º de fevereiro deste ano, no teatro Vivo Rio, na capital fluminense.

De outros tempos

O formato voz e violão é recorrente na carreira de Adriana, desde seus tempos de crooner nos bares da noite porto-alegrense. Como uma espécie de homenagem a esse passado, Adriana resolveu incluir no repertório do show a balada "Me Dê Motivo", hit radiofônico dos anos 1980 na voz Tim Maia, composta por Michael Sullivan e Paulo Massadas.

"Decidi cantar essa música de outra maneira. Sempre achei a gravação do Tim muito ‘para fora’. Quem canta é um homem que está sofrendo e, para mim, a letra pedia uma versão mais introspectiva", disse Adriana sobre a canção, cuja letra diz: "E é nessa hora que o homem chora/ A dor é forte demais pra mim".

Outro cover interessante presente em Olhos de Onda é o de "Back in Black", sucesso da cantora britânica Amy Winehouse, que morreu em 2011. "Sempre se falou muito da Amy intérprete, e da aura retrô de sua música, resultado de todo um trabalho de produção, que talvez não nos permita perceber a grande compositora que ela foi, a beleza de suas canções", disse Adriana.

De seu reencontro com o violão, nasceu a canção-título do show, "Olhos de Onda". Outras estão saindo aos poucos, sem pressa. Por hora, ele quer levar o espetáculo, que nas suas palavras "cabe em um elevador", aonde o povo está. De excesso, apenas a mala de livros que costuma acompanhar a cantora, que além de material de leitura, também lhe servem como apoio para os pés, nessa fase de idílio renovado com o instrumento que a acompanha.

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