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Tantinho: 63 anos de samba e longa história na Estação Primeira de Mangueira | Rodrigo Juste Duarte
Tantinho: 63 anos de samba e longa história na Estação Primeira de Mangueira| Foto: Rodrigo Juste Duarte

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Devani Ferreira nasceu em boa companhia. Viu Cartola tomar conhaque e escrever canções em guardanapos de papel, Carlos Ca­­chaça compor ao violão em um botequim qualquer e Candeia fazer o partido alto mais animado do Morro da Mangueira. Assim Ferreira virou Tantinho. O músico carioca, um dos últimos representantes da geração do "samba sofisticado", se apresenta hoje no Teatro da Reitoria, em Curitiba.

"A única diferença entre tocar no morro e no teatro é que no teatro você entra no palco e dá de cara com todo mundo", diz Tantinho, que no show apresenta os discos Memória em Verde e Rosa (2006) – em que resgata 32 composições de autores diversos da Mangueira, feitas entre 1930 e 1960 – e Tan­­tinho Canta Padei­rinho da Mangueira (2009), apenas com repertório do sambista Os­­valdo Vitalino de Oliveira (1927-1987).

Sambista versátil, Padeirinho criava sambas-enredos, de gafieira, de terreiro, partido-alto, entre ou­­tras vertentes. O compositor é me­­nos reconhecido do que Cartola e Nelson Cavaquinho, mas suas composições foram gravadas por intérpretes como Jamelão, João No­­gueira, Jards Macalé, Beth Carvalho, Nara Leão e Germano Mathias. Ambos os discos são frutos de seu trabalho de pesquisa sobre os compositores da escola de samba que acompanha desde criança. Memória Verde e Rosa, inclusive, venceu o Prêmio Tim de Música de 2007 como melhor álbum de samba.

Também parceiro e amigo de Nelson Sargento e Xangô, Tan­ti­nho também mantém a tradição do partido-alto, vertente do samba que privilegia o improviso. "É a criação instantânea, uma parte diferenciada do samba. Isso surgiu quando as escolas de samba desfilavam e os cantores iam atrás, improvisando", conta o músico de 63 anos.

Perto dele, não se atreva a citar gêneros híbridos, como samba-rock. Isso não existe no mundo de Tantinho. "Eu não descaracterizo o sam­­ba, não misturo nada. Por exemplo: samba é samba e rock é rock. Não tem que inventar moda", diz, fazendo referência a novos artistas da zona sul do Rio de Janeiro, região mais rica da cidade e tradicionalmente ligada à bossa nova.

No show, Tantinho será acom­­panhado por oito músicos paranaenses. Entre eles Julião Boêmio (cavaquinho), Vina Chamorro (violão de sete cordas) e Daniel Miranda (sax alto e clarinete).

"Da última vez em que toquei aqui [2004], conheci essa turma e ficamos amigos. Os ensaios foram muito bons, eles são ótimos ritmistas. É uma turma bem afinadinha", brinca o músico.

Ontem o grupo fez uma "ba­­gun­­cinha" no Bar Cana Benta, uma espécie de aquecimento para o show que acontece hoje.

"Não é sempre que venho pra cá, então quero deixar uma boa lembrança para quem for me ver. Uma boa impressão é o que quero passar", comenta o músico.

A vinda de Tantinho à Curitiba foi possível graças à amizade com Anildo Guedes, proprietário do Cimples Ócio, já tradicional espaço de samba da cidade. "O Anildo vive pesquisando e procurando sambistas. Um dia ele apareceu no Rio e me encontrou", conta Tantinho, com sotaque que não nega sua alma carioca.

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