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Paul McCartney se apresentou pela primeira vez em SC | Marcos Hermes/Divulgação
Paul McCartney se apresentou pela primeira vez em SC| Foto: Marcos Hermes/Divulgação

Estrutura

Estádio da Ressacada teve falhas graves na saída do show

Crianças chorando, coros de "vergonha!", grupos forçando portas de ônibus, policiais tentando acalmar os mais exaltados, que chegaram a derrubar barreiras de metal que formavam as filas. A saída do show de Paul McCartney teve falhas graves que tiraram do sério parte do público de quase 30 mil pessoas que encheu o Estádio da Ressacada, em Florianópolis.

A organização montou um esquema de "bolsões" de estacionamento, onde os motoristas tinham de deixar seus carros e seguir o trajeto em ônibus fretados. O esquema se mostrou eficiente para se chegar ao local do show, a cerca de oito quilômetros do centro da cidade. Mas o embarque para a volta demorou cerca de duas horas e meia após o término da apresentação – tudo sob chuva constante e em meio a um clima de caos e falta de informação.

Vários problemas foram apontados por pessoas que falaram à Gazeta do Povo no local. O principal foi a tentativa de embarcar todo o público por meio de uma única saída. As soluções sugeridas foram muitas, mas houve um consenso: o modelo precisa mudar se o local for receber novos eventos do porte do show de Paul McCartney. Em nota oficial, a organização lamentou "qualquer inconveniente involuntário" e prometeu melhorias.

Com um gesto de "sigam-me", Paul McCartney convidou o público de Florianópolis a se deixar levar em uma viagem na canção de abertura do show que apresentou no Estádio da Ressacada, na última quarta-feira, que encerrou sua turnê sul-americana. Paul sublinhava o que diz "The Magical Mistery Tour", mas também tratava de evocar a fase de fato mágica e misteriosa que permeia o imaginário sobre os Beatles. Fascínio que foi atendido pela apresentação, inevitavelmente memorável.

Acompanhado pela banda com quem se apresenta há mais de uma década, Paul seguiu com "Junior’s Farm", da fase do Wings, sempre presente nos shows, e "All My Loving", que levou a atmosfera "fab four" e envolveu a plateia, orgulhosa por receber, pela primeira vez, alguém com as dimensões de um beatle. O músico retribuiu cortejando os "manezinhos" com expressões da ilha.

O show durou quase três horas (a maior parte, sob chuva) e abrangeu parte significativa e representativa da carreira do músico. Houve momento para as guitarras, que estavam nas alturas em "Jet" e "Back in the U.S.S.R.". Para as emblemáticas baladas de piano, desde a recente "My Valentine", lançada este ano, até "Let It Be", dos Beatles, e a comovente "Maybe I’m Amazed", dedicada a Linda McCartney. Para o rock de arena "Live and Let Die" e seu aguardado exagero pirotécnico. Para os momentos intimistas de "Blackbird" e confessionais de "Here Today", que lembrou John Lennon. E, claro, não ficaram de fora hinos do calibre de "Hey Jude", que foi acompanhado em coro. O medley "Golden Slumbers/ Carry That Weight/ The End" cumpriu o papel com excelência: fechou o show com a verve de rock-and-roll que qualquer fã dos Beatles quer (e deve) ver ao vivo.

A chance de assistir a Paul McCartney no palco será sempre celebrada, e é, de fato, um privilégio. Mas não apenas pela figura mítica que é – que, aliás, foi celebrada com um ar quase religioso pela cobertura oficial do evento ("Paul esteve entre nós"). É que, em um show de Paul, pode-se presenciar um tesouro afetivo e histórico em pleno movimento. Seu legado está na genética de toda a música pop, e isto deixa de parecer óbvio na ótima performance deste senhor à beira dos 70 anos, que continua sendo o maior.

Após o fim dos Beatles, Lennon decretou que o sonho acabara. O show de Paul não remedia este sempre terrível fato para os fãs, mesmo os que continuam surgindo (a apresentação na capital catarinense provou isso ao reunir uma parcela considerável de adolescentes, não necessariamente influenciados pelos pais). Mas a oportunidade de vê-lo não é coisa para se perder, e os mundos e fundos que muitos movem para aproveitá-la se justificam. Sorte de Florianópolis.

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