Influência do blues: guitarrista defende pioneirismo do iê-iê-iê| Foto: Divulgação

Set list

Veja quais são as faixas do disco tributo:

"As Curvas da Estrada de Santos" (1969)

Os arranjos de Lincoln Olivetti dão o clima de big band para o clássico. Nos backing vocais está Késia Estácio, pupila de Lulu no programa The Voice, da TV Globo.

"Minha Fama de Mau" (1962)

Outro arranjo de Olivetti, a música inaugura o rock no Brasil, com levada R & B.

"Se Você Pensa" (1968)

A faixa mais interessante do álbum. A canção tem piano retrô e vocais graves de Lulu, em um pop setentista.

"Sou Uma Criança, Não Entendo Nada" (Erasmo e Ghiagoni) (1974)

Blues de Chicago em uma canção com a cara do Tremendão.

"Como É Grande o Meu Amor Por Você" (1967)

Recria o hit açucarado em clima de chanson francesa.

"Sentado à Beira do Caminho" (1969)

Mais um pop setentista com piano elétrico.

"Não Vou Ficar" (Tim Maia) (1969)

Remeta às grandes bandas funk dos anos 1970. A gravação tem participação de Marquinhos O Sócio.

"Festa de Arromba" (1964)

Rock clássico com riff à Chuck Berry.

"Quando" (Roberto Carlos) (1965)

Versão blues com guitarras e harmônicas.

"Você Não Serve para Mim" (Renato Barros) (1967)

Cantada em falsete pelo baixista Jorge Ailton, com percussão latina.

"Eu Te Darei o Céu" (1966)

Reggae com metais e clima de luau.

"É Preciso Saber Viver" (1968)

Pegada pop para tocar na rádio.

"Emoções" (1981)

Com arranjo retrô, "um delírio felliniano sobre Roberto e Erasmo".

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Lançamento - Lulu Santos Canta & Toca Roberto e Erasmo - Lulu Santos. Sony Music. R$ 24. Pop
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Na década de 1960, Lulu Santos era um menino do Rio de Janeiro que crescia, porém, longe da "montanha, sol e mar" da zona sul da Bossa Nova. Sua praia era outra. Vivia no Rio Comprido, bairro limítrofe entre o centro da capital fluminense e a zona norte dos operários e imigrantes portugueses. À época, naquelas bandas, garotos pobres e desajeitados formavam "conjuntos" para tocar músicas que não falavam de barquinhos ao por do sol.

Foi nesta época que a dupla mais importante do pop brasileiro, Roberto e Erasmo Carlos, entrou em sua história. Levado por um tio, aos 11 anos, Lulu assistiu ao vivo uma transmissão do programa Jovem Guarda, estrelado por ambos, na extinta TV Rio. "Foi ali que eu decidi o que eu queria para minha vida", lembra.

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Lulu conta que só reviu a dupla reunida quase cinquenta anos depois, na festa de aniversário de 70 anos de Erasmo, em 2011. "Aquilo me ilustrou muito sobre mim mesmo. Minha laia, minha turma, meu foco", diz.

Como que para pagar um elegante tributo às suas principais influências formadoras, o guitarrista lança o álbum Lulu Santos Canta & Toca Roberto e Erasmo.

O disco reúne 13 canções, escolhidas a dedo por Lulu, compostas ou consagradas pelas interpretações por Roberto e Erasmo. O repertório privilegia a fase iê-iê-iê e roqueira da dupla, deixando de lado a vertente "cama e motel", nas palavras de Lulu.

A maior parte dos arranjos respeita a vocação original dos temas, com pegada de rock e blues. As canções mais românticas são recriadas com uma roupagem entre o "retrô e o delírio". O resultado é muito bom e deve agradar aos fãs do Rei e do Tremendão quanto aos de Lulu.

Projeto

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O disco nasceu de um projeto iniciado em Curitiba, em 2011 – uma série de shows patrocinados pelo Centro Cultural Banco do Brasil que convidava artistas nacionais a interpretar autores estrangeiros. Sandy, por exemplo, homenageou Michael Jackson.

A Lulu Santos foram oferecidos os Beatles e Elvis Presley. Ambos recusados pelo cantor que insistiu em cantar o repertório dos ídolos Roberto e Erasmo.

A série de shows culminou com uma apresentação em uma casa de shows no Rio, que contou com o próprio Roberto Carlos na plateia, que deu respaldo ao projeto.

"Acenderam-se as luzes e ele aplaudiu e foi aplaudido no terceiro balcão. Naquele momento, ele deu a desejada chancela. Então a gravadora dele (a Sony) me procurou para propor o disco. O cantor, que passou a última década trabalhando de forma independente, reconhece a visibilidade que uma grande gravadora proporciona. "Há certas vantagens no escoamento do trabalho que é preciso saber aproveitar", afirma.

Pioneirismo

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Para o guitarrista e principal hitmaker de sua geração, há razões históricas e emocionais que fazem da Jovem Guarda a maior influência de seu trabalho. Sobretudo, o pioneirismo.

"A partir de um filtro próprio, eles criavam seu próprio Rhythm’n Blues e Rock’n’Roll. Isto antes da invasão britânica dos Beatles e Rolling Stones. Direto do Mississipi para a Galeria do Imperator" disse Lulu, citando o ponto de encontro dos roqueiros no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Uma turma que incluía Tim Maia, Jorge Ben e na linha de frente, Roberto e Erasmo Carlos. "Sou um filho da Jovem Guarda com o Tropicalismo, uma modulação entre estes dois programas de tevê. Esta é a minha linhagem."