Depoimento
Banda convence
Adriana Czelusniak, repórter
Inicialmente apreensiva, a grande plateia não sabia muito bem o que esperar da banda God Save The Queen. Além de ser uma proposta ousada tocar como o Queen, o fato do cantor ser argentino causava certo desconforto. "Espero que ele não cante com sotaque", disse a estudante de Arquitetura e Urbanismo Mariana Gomes, 23 anos, antes do show começar.
No entanto, munido do microfone de haste, o vocalista não só impressionou pela técnica vocal, mas também pelo esforço em relembrar os trejeitos de Mercury, pelo timbre de voz e físico semelhantes, combinação que deixava os cerca de mil fãs do Queen ora boquiabertos, ora explodindo em palmas, intercaladas com as coreografias clássicas que acompanhavam os shows da banda original.
O estudante de Direito Matheus Falk, 19 anos, era um dos fãs que mal se continham na cadeira. Nascido no ano em que Fred Mercury morreu, vítima de complicações decorrentes da aids, Matheus ficou surpreso. "Eu não achei que ele (Pablo Padín) fosse cantar tão bem. O Queen tem um estilo único e não há nenhuma banda que faça algo parecido", diz, satisfeito. Ele também destaca o empenho da banda toda em agradar os fãs do Queen. "O cantor se vestiu de mulher em "I Want to Break Free", o baixista veio para o piano, o guitarrista fez como Brian May e, com o mesmo fio tipo telefone, deixou a guitarra (idêntica à original) durante "Who Wants to Live Forever". Até o solo de bateria tem a pegada do Roger Taylor", enumera.
Para quem ficou de fora, ainda dá para conferir o show em São Paulo e Rio de Janeiro no final do mês. A Curitiba o quarteto promete voltar apenas em 2011.
Costumo dizer duas coisas sobre música: deveria ter nascido na década de 1960 para acompanhar todas as boas bandas que surgiram até a década de 1990; e que se pudesse voltar no tempo para assistir a um único show, seria, sem sombra de dúvida, do Queen. Como tenho 23 anos e a máquina de viajar no tempo (ainda) não foi inventada, pude me contentar com o God Save the Queen (Dios Salve a la Reina), um dos melhores e mais fieis covers do Queen do mundo. Portanto, não posso negar que sou suspeito para analisar o show da última sexta-feira, realizado pelos argentinos, no Teatro Positivo.
Os quatro integrantes Pablo Padín (voz e piano), Francisco Calgaro (guitarra), Matías Albornoz (bateria) e Ezequiel Tibaldo (baixo) lembram, tanto em aparência quanto em qualidade musical, o quarteto do verdadeiro Queen: Brian May (guitarra), Roger Taylor (bateria), John Deacon (baixo) e Freddie Mercury (voz e piano). Padín merece, contudo, capítulo à parte, pois reproduzir Mercury é uma das tarefas mais árduas do rock mundial, especialmente pelo talento vocal e pelos trejeitos espalhafatosos durante os shows. Mas Padín dá conta, incorporando a camiseta do super-homem que vestia.
Não é muito complexo, mas, em uma hora e meia de show, os argentinos apresentaram set list agradável aos fãs de Queen. O clímax do show floresce em duas canções: "Love of My Life" e "Bohemian Rhapsody". A primeira, tocada apenas com o violão, quebra o ambiente ágil e cria relação intimista com o público, assim como o verdadeiro Queen. E a segunda fecha a apresentação antes do retorno para o bis. Outros clássicos não ficaram de fora, casos de "Under Pressure", "Who Wants to Live Forever", "We Are the Champions" e "Somebody to Love".
Em várias dessas canções, o público não resistiu e se levantou para acompanhar o grupo. Mesmo após quase 20 anos do fim do Queen, a plateia diversificada ilustra a força de uma banda que eternizou incontáveis hits. De crianças, passando por adolescentes e jovens, chegando aos senhores e senhoras acima dos 60 anos, um público variado para uma banda que marcou a história e, mais do que isso, merece o tributo prestado com fidelidade pelo God Save the Queen (Dios Salve a la Reina).
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