Na entrada do Teatro da Reitoria, nesta segunda-feira (22), um rapaz segurava um cartaz escrito à mão pedindo um ingresso, por caridade. Valia tudo para conseguir estar na plateia da canadense Dulcineas Lament (ou o Lamento de Dulcineia). E ainda vale. Se você não conseguir ingresso para a peça que faz nesta terça (23) sua última apresentação no Festival de Curitiba, corra para a entrada para tentar convencer alguém a ceder sua entrada. No vídeo que anda circulando na internet, com trechos da peça, dá para se ter uma ideia da graça do espetáculo, que mistura com muito cuidado humor, dança, projeção de imagens e canto. Tudo por conta da talentosíssima atriz Dulcinea Langfelder, que se inspira na eterna musa de Dom Quixote de La Mancha Dulcinea Del Toboso , vira protagonista da história e viaja pelo tempo e pelo espaço numa divertida experiência multimídia. A heroína ausente da obra literária, fruto das alucinações apaixonadas do cavaleiro, atua na peça, por vezes, ao lado de um Quixote de plástico. E as coincidências com a obra de Miguel de Cervantes acabam por aí. Não há linearidade absoluta. Há sim, uma enxurrada de emoções, comandadas pela Dulcineia bailarina, cantora, humorista e até jornalista. A peça é falada em inglês e as legendas viram elemento cênico, projetadas ora nas cortinas ora nos painéis que deslizam sobre o palco, assim como outras imagens que têm a ver com o enredo. Como funciona? Dulcineia e seus companheiros de palco interagem com as imagens projetadas, como na hora em que ela apanha livros da estante virtual. Depois de um passeio pelos títulos, ela se depara com um exemplar de O Código Da Vinci, de Dan Brown, e a prateleira começa a pegar fogo. De mentira, claro. O que basta, no entanto, para levar o palco os outros atores agora bombeiros que provocam um rebuliço nos hormônios da nossa Dulcineia.
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