Uma família vive 60 anos aos pés de um farol, com suas histórias de marinheiros e naufrágios. A matriarca, Cecília, tece um tapete em que cada cor representa um dos parentes o branco, soma de todas as cores, simboliza ela mesma. Esse é o cenário de Sal, novo romance da autora gaúcha Leticia Wierzchowski, conhecida pelo best seller A Casa das Sete Mulheres (Record), que, escrito em 2002, foi transformado em minissérie da TV Globo no ano seguinte, por Maria Adelaide Amaral e Walter Negrão.
Sua mais recente narrativa de uma família marca duas estreias: a de Leticia em uma nova editora, a Intrínseca, para onde foi depois de deixar a Record; e a da Intrínseca em uma nova frente de publicações, a ficção nacional, um momento planejado desde sua fundação, há dez anos, por Jorge Oakim.
"Fiquei 12 anos na Record, mas, nos últimos tempos, acho que a divulgação dos meus livros estava problemática. Várias pessoas achavam que eu estava sem publicar", diz Leticia, sem poupar sua antiga editora das críticas.
No comando do editor Jorge Oakim, economista saído do mercado financeiro, a Intrínseca se notabilizou pelos best sellers estrangeiros, como Crepúsculo, de Stephenie Meyer, e a trilogia Cinquenta Tons de Cinza, de E. L. James. No ano passado, a editora já havia avançado para a não ficção nacional, com o livro-reportagem Filho Teu Não Foge à Luta, de Fellipe Awi, sobre o MMA. Agora é a vez da ficção. Além do livro de Leticia, serão lançados os novos romances de Edney Silvestre, Vidas Provisórias, em agosto; e do escritor Miguel Sanches Neto, no ano que vem.
"Planejávamos chegar a este momento desde o começo da Intrínseca. Queríamos crescer antes de fazer isso. E a ideia é, como lá no início da editora, começar com poucos livros, mas que sabemos ser legais. É uma experiência totalmente nova, muito diferente de publicar tradução", afirma Oakim.
Trama
Com o novo romance, Leticia Wierzchowski volta a narrar uma história de família, o que não fazia desde Uma Ponte para Terebin, de 2009, em que contava a trajetória de seu pai, um imigrante polonês. Sal conta a trajetória da família Godoy, responsável pelo farol em uma ilha. Uma das filhas é Flora, que escreve um romance e vê cenas escritas por ela acontecerem na vida real.
O livro chega às mãos de um professor de literatura na Inglaterra, Julius Templeman, que viaja à ilha para conhecer a autora, por quem se apaixona. Depois, o professor torna-se uma das pontas de um triângulo amoroso que gera uma crise na família e do qual não se pode contar muitos detalhes sem estragar a trama. A matriarca, Cecília, narra a história dos Godoy tecendo seu tapete.
"O que me atrai nessas histórias familiares é ver o que uma pessoa acaba herdando das outras. Até os objetos são herdados, e passam a fazer parte da vida mesmo quando um século se passou. Acredito muito na força dos personagens. Muitas vezes, a literatura se perde na forma", afirma Leticia, que, para entrar no universo marítimo do livro, leu obras da poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen e o romance O Mar, de John Banville, entre outras obras.
Na primeira impressão de Sal, chegam às livrarias 20 mil exemplares, uma tiragem quase oito vezes maior do que a média para livros de ficção no mercado editorial brasileiro. Prova de que a Intrínseca está apostando alto.
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