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Oswaldinho do Acordeão, Alessandro Kramer, Dominguinhos, Renato Borghetti e Luciano Maia: epifania em Curitiba | Elenize Dezgeniski/Divulgação
Oswaldinho do Acordeão, Alessandro Kramer, Dominguinhos, Renato Borghetti e Luciano Maia: epifania em Curitiba| Foto: Elenize Dezgeniski/Divulgação

O que é a eternidade? Para uns, pode ser um final de tarde diante do mar. Outros talvez digam que eterna é uma manhã de domingo, uma noite de sábado ou um bate-papo com algum amigo, amante ou colega.

Certo mesmo é que, às vezes, nós temos a impressão de que vivenciamos algo que não vai se repetir nunca mais e que, de alguma maneira, tal situação foi importante – ou mágica.

Há recortes cotidianos que, para mim, são eternos. A mais recente janela para a eternidade se abriu neste último domingo, 28 de fevereiro, quando fui arrebatado.

Obviamente que o Encontro Brasileiro do Acordeão já prometia tudo pela escalação: Oswaldinho do Acordeão, Alessandro Kramer, Renato Borghetti, Luciano Maia e Dominguinhos.

Não sei o que aconteceu na sexta-feira (26) e no sábado (27). Informaram a mim que as 123 cadeiras foram preenchidas nas duas noites. Conto o que aconteceu domingo.

Gaita ou sanfona, o nome muda dependendo da região, o fato é que o acordeão é complexo. Um gaiteiro sozinho é uma orquestra: pode acompanhar outros músicos, mas também consegue sozinho fazer base, solo e imprimir ritmo. E cada um dos cinco acordeonistas mostrou como um mesmo instrumento pode soar radicalmente diferente, de acordo com quem está atrás da gaita.

O que me chamou a atenção foi a sutileza que separa os artistas mais experientes dos mais novos. Renato Borghetti é um showman. A gaita de ponto que esse gaúcho toca é capaz de fazer qualquer corpo se movimentar. Acima de tudo, a "voz" do instrumentista fica evidente. Basta ouví-lo tocar por alguns segundos para, em seguida, identificar, mesmo de olhos fechados, que é ele quem está solando.

O mesmo vale para Dominguinhos: o artista nordestino, veterano em bailes da vida, é dono de uma sonoridade única. E fascinante.

Luciano Maia e Alessandro Kramer, ambos gaúchos, também são ótimos músicos e, possivelmente, venham a se tornar mestres, no futuro; mas um abismo ainda os separa de Borghetti e Dominguinhos. Não são necessariamente piores, mas falta algo, para não dizer muito, em relação aos outros.

Oswaldinho do Acordeão é brilhante, tocando e ainda mais contando causos, entre uma e outra música.

O último dia de fevereiro de 2010 faz parte de meu repertório de momentos eternos, assim como deve estar presente no arquivo de "coisas para sempre" dos 122 sortudos que, assim como eu, estavam no Teatro da Caixa.

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