Percorrer a pé os 800 quilômetros entre a cidade francesa de San-Jean-Pied-de-Port e Santiago de Compostela, na Espanha, não foi um esforço para o fotógrafo Fritz Jr.
Os 36 dias caminhando, na busca por autoconhecimento, renderam um livro – Cruzando Caminhos, com 84 fotografias da jornada. A obra será lançada na quinta-feira (9), junto com uma exposição homônima, com 17 imagens, no Espaço de Arte.
Veja algumas imagens do livro Cruzando Caminhos
Formado em administração, o curitibano Fritz comprou sua primeira câmera com o salário de bancário. Viajou à Europa e registrou tudo. Voltou e pediu as contas, “bem impulsivo”.
Espaço de Arte (R. Alberto Folloni, 1.534 – Ahú), (41) 3352-5901. Lançamento do livro e abertura da exposição homônima de Fritz Jr. na quinta-feira (9), às 19 horas. A obra será vendida no local a R$ 20 no lançamento e R$ 30 nos demais dias (a renda será revertida para o projeto Meditação na Escola). Visitação da mostra de 2ª a 6ª, das 10h às 21h30. Entrada franca. Até 30 de abril.
Começou aulas de fotografia e, um ano depois, em 2010, planejou percorrer o caminho buscado por muitos peregrinos, em sua primeira expedição fotográfica.
“Foi um processo de me conhecer melhor que eu já buscava, e não sei exatamente quando começou. Mas também escolhi o caminho porque você estabelece algumas rotinas, e a forma mais prática de se contar uma história é andando de um ponto até outro”, explica.
No total, a experiência rendeu mais ou menos 1,5 mil fotografias. Para formatar o livro, viabilizado por um edital do Mecenato Subsidiado da Fundação Cultural de Curitiba, ele chegou a 120, mas viu que escolheu registros “desnecessários”.
“Fui organizando, coloquei algumas coisas em ordem cronológica, e fechei em 84 fotos. O artista cria porque tem a necessidade de criar e, hoje, com os dispositivos, é muito fácil produzir e o material não ir além do Facebook. Então, quando você consegue gerar um produto para compartilhar essa vivência, é fantástico”, fala.
Por ser um destino bastante procurado, a estrutura do caminho de Santiago de Compostela conta com os chamados “albergues dos peregrinos” – que auxiliaram o fotógrafo na viagem. Nesses espaços, de baixo custo, existem regras claras a cumprir, como dormir cedo e sair dos espaços antes das 8 da manhã para seguir viagem. A não ser que a pessoa passe por um problema físico, como foi o caso de Fritz, já no primeiro dia.
“Tinha 26 anos, achei que estava preparado”, diz, rindo. Mas o sobe e desce dos pirineus franceses nos 20 quilômetros iniciais causaram uma tendinite nos joelhos.
Ao longo dos dias, as dores atingiram tornozelos, costas, quadris... “Mas o interessante é essa compensação do corpo. Aos poucos, ele vai poupando o que está doendo mais e muda de ponto. Você se entende com a dor”, diz Fritz.
Os incômodos físicos, aliás, foram essenciais no processo criativo: nesses momentos, em que precisava ficar mais introspectivo para se poupar, surgiram os melhores registros. “Foi quando as fontes mais inspiradoras apareceram.”