Em 1991, entre Esqueceram de Mim 1 e Esqueceram de Mim 2 Perdido em Nova York, o já consagrado ator mirim Macauley Culkin atuou como coadjuvante em um singelo drama sobre a descoberta do amor e da morte. Meu Primeiro Amor, relançado em DVD uma década após sua estreia, teve um elenco de peso para a época, com nomes como Dan Aykroyd, Jamie Lee Curtis e Richard Mansur, mas é mais lembrado pela atuação de Culkin, que interpretou o frágil Thomas J., um garotinho alérgico a tudo que tem como única amiga Vada Sultenfuss (interpretada por Anna Chlumsky), a filha do agente funerário de uma pacata cidade da Pensilvânia.
É em Vada, porém, que reside a beleza e a complexidade do filme. Com onze anos, ela tem uma relação conturbada de obsessão e repulsa pela morte. Temendo em segredo os cadáveres que passam por sua casa, desenvolve uma hipocondria e a convicção de que está morrendo quem sabe, se tornar uma morta não ajuda a perder o medo, arrisca Thomas J. em um momento de profunda compreensão psicológica do filme.
A vida da garotinha, na verdade, não poderia ser mais complicada: acredita que matou a própria mãe, morta por complicações no parto; assiste a diversos funerais que acontecem em sua casa, é apaixonada por seu professor de redação, cuida de sua avó esclerosada quando deveria ser o oposto e, para piorar, sente-se em competição com a maquiadora fúnebre Shelly, que se apaixona por seu pai. No meio desse furacão de sentimentos, entra na puberdade e dá o seu primeiro beijo.
Não é à toa, portanto, que a intensidade do filme, juntamente com a descoberta infantil de muitas facetas da vida adulta, causou uma enorme comoção nos espectadores na época de seu lançamento. Meu Primeiro Amor, que parece, a princípio, ser mais um filme entre tantos outros, se revela um drama de grandes proporções. A história, que se passa inteiramente durante as férias escolares de verão (julho e agosto nos Estados Unidos), dá conta de apresentar e resolver todas as questões existenciais de Vada. Nada fica pendente, e não demora para a protagonista apreender as transformações pelas quais passa durante o período das férias.
Por alguma razão, o filme se passa na década de 70, vinte anos antes de sua estreia. Talvez para que se torne mais crível que, antes da geração Prozac, uma adolescente pudesse passar por tantos traumas e dilemas existenciais em seus primeiros anos sem que isso afetasse seu desenvolvimento, como o final do filme sugere. Anacronismos à parte, o filme passa a impressão de uma época em que a vida parecia mais simples, mesmo rodeada de problemas. GGGG
Serviço:
Meu Primeiro Amor. Estados Unidos, 1992. Direção de Howard Zieff. Sony Pictures. Preço médio: R$ 19,90.
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