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Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical" | Reprodução www.globo.com/paraisotropical
Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical"| Foto: Reprodução www.globo.com/paraisotropical

Jules Dassin tinha 37 anos e estava a sete de fazer uma de suas obras-primas (Rififi) quando foi a Nova Iorque para realizar Naked City – Cidade Nua (1948), um policial com narrativa próxima a de uma documentário. A história fala do assassinato de uma modelo que sonha com o estrelato.

Lançada há algum tempo por uma distribuidora obscura chamada Silver Screen (sem informações na internet ou telefones disponíveis), o filme passou despercebido, embora seja um dos clássicos do cinema noir.

Jean Dexter é encontrada morta em seu apartamento nova-iorquino pela empregada. A polícia é acionada e os detetives Muldoon (Barry Fitzgerald) e Jimmy Halloran (Don Taylor) conduzem o caso. Logo, montam uma lista de suspeitos encabeçada pelo canastrão Frank Niles (Howard Duff).

A linguagem de documentário é percebida logo na abertura do filme, quando uma voz (a do produtor Mark Hellinger) se apresenta e diz os créditos iniciais. "Vocês nunca viram nada parecido com este filme", anuncia o narrador. O recurso consegue acentuar a cumplicidade de quem assiste porque toda vez que Hellinger irrompe – como na busca por um suspeito nas joalherias da cidade –, ele o faz em um tom quase irônico, falando como se estivesse vendo toda a ação do alto, como se estivesse, enfim, sentado ao lado do público: "Isso, detetive, procure seu assassino. Não desista".

Barry Fitzgerald como o tenente Muldoon é uma figuraça. Ele encarna o tipo (hoje clássico) do policial absolutamente tranqüilo, quase entendiado, capaz de rir do desespero e do entusiasmo dos mais inexperientes (representados aqui por Halloran).

A caça pelo culpado se torna mais tensa ao se relacionar o assassinato de Jean Dexter a uma série de roubos de jóias em casas de famílias abastadas. A perseguição nos minutos finais é antológica e funciona mesmo como uma prévia do desfecho de Rififi (1955), que Dassin rodaria na França também no estilo gato-e-rato.

O bandido esbarra em um cego e é atacado pelo cão-guia. Para se desvencilhar do animal, acaba atirando nele. O disparo chama a atenção dos policiais e esse é só o começo da correria.

Dassin está com 95 anos e pode ser considerado uma "máquina de fazer clássicos". Nasceu nos EUA, mas se mudou para a França nos anos 50 depois de ter sido incluído na lista negra dos comunistas trabalhando em Hollywood. Um de seus filmes mais conhecidos é o grego Nunca aos Domingos (1960), estrelado por Melina Mercouri (1920 – 1994), com quem foi casado por quase 30 anos. Sua filmografia é carregada de títulos irresistíveis. Além de Rififi e de Cidade Nua, é preciso passar por pelo menos A Noite e a Cidade (1950), Brutalidade (1947, com Burt Lancaster) e Mercado de Ladrões (1949). Rififi foi distribuído no Brasil pela Aurora. Os outros permanecem inéditos em DVD. GGGG

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