Quvenzhané Wallis (Hushpuppy) é a mais jovem atriz já indicada ao Oscar| Foto: Divulgação

Cinema

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O lugar mais bonito do mundo. Assim a protagonista de Indomável Sonhadora, a pequena Hushpuppy (Quvenzhané Wallis, a mais jovem atriz já indicada ao Oscar), de apenas 6 anos, enxerga Bathtub (banheira, em português), uma ilha minúscula e enlameada no Delta do Rio Mississippi, nos Estados Unidos, prestes a ficar totalmente submersa. À distância se vê o que seria uma cidade grande, industrial, que presumimos ser Nova Orleans, da qual a menina vê apenas chaminés que expelem fumaça e torres de energia. Em casa, no entanto, ela vive cercada de vida selvagem, por bichos e pela terra, sempre úmida, lodosa.

Hushpuppy cresce na extrema pobreza, sem eletricidade, no meio do lixo, de caixas de papelão. Sua mãe morreu e o pai, Wink (Dwight Henry), é alcoólatra. Mas ele ama e cuida da menina. E os vizinhos, também pobres, vivem em comunhão e de certa forma felizes, na medida do possível.

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Percebe-se que algo muito grave ocorreu, possivelmente um desastre natural de gigantescas proporções, e, apesar das grandes dificuldades que enfrenta, Hushpuppy tenta compensar a escassez com sua imaginação, infinita e capaz de transformar o mundo em um lugar mágico.

Um dos nove indicados ao Oscar de melhor filme, Indomável Sonhadora, que estreia nesta sexta-feira nos cinemas, é inspirado na peça teatral Juicy and Delicious, de Lucy Alibar, e pode soar, por essa descrição, como uma obra sombria. Não é. É um filme encantador e extremamente original sobre a infância e a inocência.

A trama se desenrola em um planeta apocalíptico, mas ainda reconhecível: com o derretimento das calotas polares, a água, onipresente, se torna uma ameaça, um monstro sempre à espreita, mas Hushpuppy tem seu mundo de faz de conta, que lhe garante a sobrevivência.

O estreante Benh Zeitlin, indicado ao Oscar de melhor direção, acertou em cheio ao escolher trabalhar com uma trupe de atores não profissionais e rodar o filme em película 16 mm. Essa economia de meios fez com que a equipe fizesse muito com muito pouco, e compensasse o que faltava ao orçamento com inventividade, tanto narrativa quanto visual, entrando em total consonância com o enredo.