Julia Roberts e o "brasileiro" Javier Bardem: romance em Bali| Foto: Divulgação

Às vezes, comédias românticas se disfarçam de algo além da busca pelo par perfeito, fadado a preencher a insignificância da vida da protagonista e a fazê-la, enfim, feliz. Comer, Rezar, Amar (Ryan Murph - confira trailer, fotos e horários das sessões) bem que tenta. Inspirado no best seller autobiográfico da americana Elizabeth Gilbert, o filme fala às mulheres que já se deram conta de certas armadilhas de uma relação a dois. Em especial, a tendência quase irresistível de se fundir com o parceiro até o limite do desaparecimento individual.

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Elizabeth Gilbert, a personagem de Julia Roberts, caiu na armadilha duas vezes. O espectador a conhece no momento em que seu casamento desanda. Está decepcionada com a falta de foco profissional do marido e o desinteresse dele em acompanhá-la nas viagens internacionais que tanto a entusiasmam. Receita realista para o fracasso de um casal: fim da admiração e do companheirismo.

É nesse ponto que o filme se mostra mais preciso, no diagnóstico de relações amorosas enfraquecidas não por grandes empecilhos externos ou falhas de caráter, mas pela sua própria dinâmica interna e pela incompatibilidade de desejos. Embora, desde o começo, a obra tenda a um retrato amenizador da crise existencial de uma mulher que precisa pôr em equilíbrio a própria vida para, só então, estabelecer uma relação amorosa saudável com alguém.

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Liz Gilbert parte para uma viagem de autoconhecimento, mas não se espere do trajeto muito mais do que o clichê de cada destino. Na Itália, ela se permite trocar o jeans por um número maior, provando os prazeres da gula, rapidamente faz amigos, bebe vinho e aprende o idioma, sem tempo para estranhamentos, dificuldade de adaptação ou mesmo solidão. As cenas e personagens, ao menos, cumprem a tarefa de revelar àquela mulher a alegria do ócio.

Na Índia, o roteiro se perde. Nem o país idealizado, nem a realidade mais bruta. As imagens não parecem se decidir sobre qual quadro querem formar na imaginação do espectador. Sua relação com a religião é pouco convincente. E a súbita catarse provocada pelo relato trágico de um novo amigo vem impor a lição do "perdoe a si mesma". Ensinamentos: Comer, Rezar, Amar é filme que deve satisfazer melhor a quem tem apetite por eles.

Julia Roberts está mais linda do que sempre, e palpável. Só não peçam que derrame alguma lágrima ou atinja profundidade emocional. A atriz contracena com belos tipos masculinos, James Franco e Javier Bardem -- como um brasileiro de sotaque incompreensível.

A colisão com Bardem, em Bali, prepara o desfecho e enfraquece o discurso. Não é que a personagem devesse desistir do amor para garantir seu próprio equilíbrio, mas, já ao fim da viagem, seria de se esperar dela mais personalidade.

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