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Antonio Márquez é considerado o melhor bailarino de flamenco da atualidade | Divulgação/Verinha Walflor
Antonio Márquez é considerado o melhor bailarino de flamenco da atualidade| Foto: Divulgação/Verinha Walflor

O chileno Jorge Durán, radicado no Brasil desde 1973, levou 20 anos para realizar seu segundo longa-metragem, Proibido Proibir, que estréia hoje nos cinemas de Curitiba. Tempo demais para um homem de cinema, ainda mais se levarmos em conta que seu filme anterior, A Cor do Seu Destino, foi um êxito de público e crítica na década de 80, premiado em festivais nacionais e internacionais, como Brasília, Havana (Cuba) e Cartagena (Colômbia). A espera valeu a pena.

A trama do longa-metragem gira em torno de um trio muito interessante de personagens. Paulo (Caio Blat, em ótima atuação) é um estudante de Medicina cuja filosofia de vida dá nome ao filme, "É proibido proibir". Essa postura lhe confere o direito de se drogar, seguir seus instintos sem maiores conseqüências e, principalmente, esconder suas verdadeiras emoções por trás de uma fachada de cinismo e irreverência. Seu melhor amigo, o estudante de Sociologia Léon (Alexandre Rodrigues, de Cidade de Deus), é seu oposto: politizado, ele acredita na transformação da realidade por meio do engajamento em causas justas. O terceiro vértice do trio é Letícia (Maria Flor, de Quase Dois Irmãos e da novela Eterna Magia), estudante de Arquitetura que namora Léon, mas se sente atraída por Paulo, que também se envolve com ela e se vê dividido entre essa afeição e a lealdade ao amigo, com quem divide a casa.

Mais do que a história de um triângulo amoroso, contudo, Proibido Proibir é um estudo sobre as expectativas de três representantes de uma mesma geração, que se defrontam com um país esfacelado, sem perspectivas. Paulo não acredita nem em Deus e nem no Estado, que sujeita os pacientes que atende à indigência da saúde pública brasileira. Léon, por sua vez, acredita compreender a complexidade do mundo real por meio de suas pesquisas em uma periferia do Rio de Janeiro, até ser surpreendido por uma realidade de violência, desmandos e injustiças bem mais cruel do que imaginava. Por último, o olhar de Letícia vaga por uma cidade que, apesar de bela, revela-se arrasada pelo abandono físico e pela miséria que a corrói aos poucos.

Em entrevista ao Caderno G, Jorge Durán conta que fez questão de, por meio desses personagens, analisar o perfil ético de uma geração que tenta acertar, mas muitas vezes erra pela falta de referências e de informações. Aos 64 anos, o diretor ri ao dizer que não tem a pretensão de saber tudo sobre os jovens de hoje. Para não cair no risco da artificialidade, apelou para o convívio com seus alunos de Cinema, que lhe serviram de fonte para reforçar o grau de autenticidade dos diálogos e das situações retratadas pelo filme

Zona Norte

Ao contrário da maior parte das produções realizadas no Rio de Janeiro, Proibido Proibir não se passa na Zona Sul ou nas favelas da região. Por uma questão de coerência com a história que pretendia contar, os personagens centrais do filme, universitários sem muito dinheiro, vivem em um bairro do subúrbio carioca, a Penha.

Sobre a experiência de rodar o longa-metragem na região, Durán diz ter apenas elogios. "Se você vai filmar num bairro da Zona Sul, tem de pagar para o prédio, conseguir a autorização do síndico, interditar a rua, apelar para a polícia para garantir que a coisa vai acontecer. Na Zona Norte, não. As pessoas se entusiasmaram em fazer parte de um projeto de cinema e abriram suas casas e estabelecimentos", conta. GGGG

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