Villalobos é casado com uma brasileira e vive em Campinas| Foto: Divulgação

Livro

Se Vivêssemos em Um Lugar Normal

Juan Pablo Villalobos. Tradução Andreia Moroni. Companhia das Letras, 160 págs., R$ 36,50. Romance.

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Em seu livro de estreia, A Festa no Covil (Companhia das Letras), Juan Pablo Villalobos utiliza a visão de um menino de 12 anos, filho de um chefão do narcotráfico, para tecer uma crítica humorada, mas mordaz, à política e à sociedade mexicana. Aos olhos de Tochtli, que vive dentro de uma fortaleza com o pai e só conhece o mundo exterior por meio do noticiário da televisão, a violência que o cerca não faz parte do cotidiano de todas as crianças.

Em Se Vivêssemos em Um Lugar Normal, segundo livro de Villalobos publicado no Brasil, o escritor mexicano volta a utilizar um personagem adolescente para fazer, novamente com um humor corrosivo, uma descrição das mazelas da população e das ações de governantes de seu país natal.

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Orestes faz parte de uma família numerosa, que mora em uma pequena casa, chamada de caixa de sapatos pelos moradores, no alto de um morro, o Morro da Puta que o Pariu, em Lagos de Moreno, onde "há mais vacas que pessoas, mais charros (vaqueiros mexicanos) que cavalos e mais padres que vacas".

O menino narra a história de sua família e o sonho de fugir dali, deixar aquela realidade. Fala da luta de classes, da fé do povo e da corrupção dos políticos, tecendo uma teia de flagelos.

Ele é filho de um professor de educação cívica e "profissional do insulto apaixonado pela Grécia" – Orestes e os irmãos têm nomes que homenageiam pensadores e personagens da cultura helênica – e de uma dona de casa afeita ao melodrama e responsável pela preparação de quesadillas (prato típico mexicano) para a família.

O paralelo que o autor faz com as quesadillas para narrar os tempos bicudos (um país marcado pela hiperinflação e uma situação econômica delirante) que o México viveu na década de 1980 é hilariante, apesar de trágico. É impossível não rir de tanta desgraça e de tantos palavrões utilizados. Para quem viveu os anos 80, é fácil comparar e ver as semelhanças com o Brasil da época.

TerceiroVillalobos é casado com uma brasileira e mora em Campinas. O escritor prepara seu terceiro livro, que ainda não tem previsão de publicação.

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